“O LUGAR DA MULHER TAMBÉM É NO PODER JUDICIÁRIO”: UM OLHAR SOBRE A POLÍTICA PÚBLICA JUDICIÁRIA DE INCENTIVO A PARTICIPAÇÃO FEMININA CRIADA PELO CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA

Larissa Bastos Rodrigues, Oswaldo Pereira de Lima Júnior

Resumo


Trata-se de artigo que analisa a presença e os desafios das mulheres nas carreiras jurídicas no contexto brasileiro. Sugere-se que, apesar das avançadas conquistas femininas no campo jurídico, persistem desafios significativos relacionados à equidade de gênero. O estudo tem como objetivo compreender a trajetória das mulheres no âmbito jurídico, levando em consideração o histórico das ondas feministas e a evolução dos direitos das mulheres. No marco teórico, destaca-se a estruturação do movimento feminista em ondas, cada uma representando distintas lutas e vitórias. O feminismo jurídico contemporâneo é ressaltado, defendendo a implementação de políticas públicas de gênero que visam uma transformação profunda do direito, eliminando seus aspectos androcêntricos e patriarcais. A feminização das carreiras jurídicas é apresentada como influenciada por diversos fatores sociais e políticos, contudo, ainda enfrenta o desafio do patriarcalismo jurídico. A investigação faz uso de abordagem qualitativa, fundamentada em revisão bibliográfica e análise de dados históricos e contemporâneos sobre a participação feminina nas carreiras jurídicas e nas políticas públicas de gênero promovidas pelo Poder Judiciário. Percebe-se, ao fim, que a trajetória das mulheres nas carreiras jurídicas no Brasil aponta para avanços significativos, mas ainda é marcada por desafios persistentes relacionados à equidade de gênero e à superação de paradigmas patriarcais.


Palavras-chave


Poder Judiciário; Androcêntrico; Patriarcalismo jurídico; Direitos femininos; Políticas públicas de gênero

Texto completo:

PDF

Referências


ALCÂNTARA, Marcelo de. Centenário do bacharelado de Maria Augusta Saraiva. Revista da Faculdade de Direito, São Paulo, v. 97, p. 745-752, 2002. Disponível em: https://www.revistas.usp.br/rfdusp/article/view/67576.

BARBALHO, R. A feminização das carreiras jurídicas e seus reflexos no profissionalismo. Tese (Doutorado em Sociologia). Universidade Federal de São Carlos, São Carlos, 2008.

BAXI, Upendra. The Future of Human Rights. Oxford University Press: 2002. E-book

BEAUVOIR, Simone de. O Segundo Sexo. São Paulo: Difusão Europeia do Livro, 1967.

BONELLI, Maria da Glória. Profissionalismo e política no mundo do direito. As relações dos advogados, desembargadores, procuradores de justiça e delegados de polícia com o Estado. São Carlos: EdUFScar, Editora Sumaré, 2002.

BONELLI, Maria da Glória. Profissionalismo, diferença e diversidade na advocacia e na magistratura paulistas. RBCS, v. 28, n. 83, out. 2013. Disponível em: https://www.scielo .br/j/rbcsoc/a/JDgzydcphvqwhJvTHLkFcBm/abstract/?lang=pt.

BONELLI, Maria da Glória. Profissionalismo, gênero e diferença nas carreiras jurídicas. São Carlos: EdUFScar, 2013.

BONELLI, Maria da Glória; OLIVEIRA, Fabiana Luci. Mulheres magistradas e a construção de gênero na carreira judicial. Novos Estudos. Cebrap. São Paulo. V39nOI. P. 143-163. Jan.-Abr. 2020. Disponível em: https://www.scielo.br/j/nec/a/TX8RfQBFq9kvDTtKHdpbS7t/?lang=pt&format=pdf. Acesso em: 15 jul. 2023.

BRUSCHINI, Maria Cristina A. Elas chegaram para ficar. Difusão de Ideias, Fundação Carlos Chagas, out. 2007. Disponível em: http://www.fcc.org.br/conteudosespeciais/difusaoideias/pdf/materia_elas_chegaram_para_ficar.pdf. Acesso: 08 jul. 2023.

BUCCI, Maria Paula Dallari. Políticas públicas: reflexões sobre o conceito jurídico. In: BUCCI, Maria Paula Dallari (Org.). O conceito de política pública em direito. São Paulo: Saraiva, 2006, p. 1-49.

BUTLER, Judith. Problemas de gênero: feminismo e subversão da identidade. Tradução: Renato Aguiar. 16. ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2018.

CAMPOS, Veridiana Pereira Parahyba. A chegada das Meritíssimas: um estudo sobre as relações entre agência individual, ocupação feminina de um espaço de poder e mudança social. Tese (Doutorado em Sociologia). Universidade Federal de Pernambuco, Recife, 2015.

CARVALHO, José Murilo de. A construção da ordem: a elite política imperial. Teatro das Sombras: a política imperial. 4. ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2008.

CHAVES, Daniela Lustoza Marques de Souza. Enigmas de Gênero: Mulheres e carreira na Magistratura Federal. Tese (Doutorado em Direito Constitucional). Universidade de Fortaleza. Fortaleza, 2021.

CNJ. Censo do Poder Judiciário. VIDE: Vetores iniciais e dados estatísticos. Brasília: CNJ, 2014. Disponível em: https://www.cnj.jus.br/wp-content/uploads/2011/02/CensoJudi ciario.final.pdf. Acesso em: 15 jun. 2023.

CNJ. Diagnóstico da participação feminina no poder judiciário. Brasília: CNJ, 2019c. Disponível em: https://www.cnj.jus.br/wp-content/uploads/2019/05/cae277dd017bb4d44 57755febf5eed9f.pdf. Acesso em: 15 jun. 2023.

CUNHA, Armando. A busca de maior vitalidade da gestão nas organizações do poder Judiciário. Cadernos FGV Projetos, Rio de Janeiro, Ano 5, n. 2, p. 46, p. 46-52 mai./jun. de 2010.

FRAGALE FILHO, Roberto. Conselho Nacional de Justiça: desenho institucional, construção de agenda e processo decisório, 2013. Disponível em: https://doi.org/10.1590/S0011-52582013000400008. Acesso em: 02 jun. 2023.

FRAGALE FILHO, Roberto; MOREIRA, Rafaela Selem; SCIAMMARELLA, Ana Paula de O. Magistratura e gênero: um olhar sobre as mulheres nas cúpulas do judiciário brasileiro. In: As mulheres nas profissões jurídicas: experiências e representações. Centro de Estudos Sociais - e-cadernos CES, n. 24, p. 55-77, 2015. Disponível em: https://journals.openedition.org/eces/1968. Acesso em: 02 jun. 2023.

GALVÃO, Laila Maia. Os entrecruzamentos das lutas feministas pelo voto feminino e por educação na década de 1920. Revista Direito e Práxis, Rio de Janeiro, v. 7, n. 13, p. 176-203, 2016. Disponível em: https://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/revistaceaju/arti cle/view/16786/15885 Acesso em: 07 jul. 2023.

GUIMARÃES, Lucia Maria Paschoal; FERREIRA, Tânia Maria Tavares Bessone. Myrthes Gomes de Campos (1875-?): pioneirismo na luta pelo exercício da advocacia e defesa da emancipação feminina. Gênero, Niterói, v. 9, n. 2, p. 135-151, 1, 2009. Disponível em: https://periodicos.uff.br/revistagenero/article/view/30908/17997.

KAHWAGE, Tharuell Lima; SEVERI, Fabiana Cristina. Para além de números: uma análise dos estudos sobre a feminização da magistratura. RIL - Revista de Informação Legislativa, Brasília, DF, v. 56, n. 222, p. 51-73, abr./jun. 2019. Disponível em: https://www12.senado.leg.br/ril/edicoes/56/222/ril_v56_n222_p51.

LAGARDE Y DE LOS RIOS, Marcela. Género y feminismo: desarrollo humano y democracia. Ciudad de México: Siglo XXI Editores, 2018.

LAGARDE Y DE LOS RIOS, Marcela. Los cautiverios de las mujeres: madresposas, monjas, putas, presas y locas. 2. ed. México, D.F.: Siglo XXI Editores, 2015. E-book.

LAGARDE Y DE LOS RIOS, Marcella. El feminismo en mi vida. Hitos, claves y utopias. México: Gobierno Federal de Mexico, Instituto de las Mujeres del Gobierno Federal de Mexico, 2012. Disponível em: http://www.mujeresenred.net/IMG/pdf/ElFeminismoenm iVida.pdf.

LIMA JR, Oswaldo Pereira de; DANTAS, Luana Cristina da Silva. A emancipação feminina no iluminismo: um diálogo crítico entre Wollstonecraft e Rousseau. Revista Juris Poiesis, Rio de Janeiro, v3. 23, n. 31, 2020, pp. 262-296. Disponível em: http://periodicos.estacio.br/index.php/jurispoiesis/issue/view/418. Acesso em: 24 set. 2023.

MASSA-ARZABE, Patrícia Helena. Dimensão jurídica das políticas públicas. In: BUCCI, Maria Paula (org.). Políticas Públicas: Reflexões sobre o conceito jurídico. São Paulo: Saraiva, 2006. P. 51 a 74.

MELLO FILHO, José Celso de. Discurso do senhor Ministro Celso de Mello. In: SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. Posse na Presidência do Supremo Tribunal Federal: Ministra Ellen Gracie Northfleet, Presidente; Ministro Gilmar Ferreira Mendes, Vice-Presidente: sessão solene realizada em 27 de abril de 2006. Brasília: STF, 2006. Disponível em: http://www.stf.jus.br/arquivo/cms/publicacaoPublicacaoInstitucionalPossePresidencial/anexo/Plaqueta_Possepresidencial_EllenGracie_NOVACAPA.pdf. Acesso em: 07 jun. 2023.

MELO, Hildete Pereira de; THOMÉ, Débora. Mulheres e poder: histórias, ideias e indicadores. Rio de Janeiro: FGV Editora, 2018. E-book.

NEDER CEREZETTI, Sheila Christina et al. Interações de gênero nas salas de aula da Faculdade de Direito da USP: um currículo oculto? São Paulo: Cátedra UNESCO de Direto à Educação/Universidade de São Paulo (USP), 2019. Disponível em: https://reposit orio.usp.br/directbitstream/2e97dcce-8e45-43b8-b10e-5847aa3404d7/Intera%C3%A7%C3% B5es%20de%20g%C3%AAnero%20nas%20salas%20de%20aula%20da%20Faculdade%20de%20Direito%20da%20USP.pdf. Acesso: 15 jul. 2023.

RENAULT, Sérgio R. Tamm. A reforma do Poder Judiciário sob a ótica do governo federal. Revista do Serviço Público, Brasília, ENAP, v. 56, n.2, p. 127-136, abr. a mar. de 2005.

SADEK, Maria Tereza( org). O sistema de justiça. Rio de Janeiro: Centro Edelstein de Pesquisas Sociais, 2010. 137 p. ISBN: 978-85-7982-039-7. Disponível em: http://books.scielo.org/ . Acesso em 02 jun. 2023.

SADEK, Maria Tereza. Magistrados: uma imagem em movimento. Rio de Janeiro: FGV, 2006.

SEVERI, Fabiana Cristina. O gênero da justiça e a problemática da efetivação dos direitos humanos das mulheres. Revista Direito e Práxis, Rio de Janeiro, v. 7, n. 13, p. 81-115, 2016. Disponível em: https://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/revistaceaju/article /view/16716. Acesso: 08 ago. 2023.

SILVA, Christine Oliveira Peter da. Constitucionalismo feminista. Coordenação: Christine Oliveira Peter da Silva, Estefânia Maria de Queiroz Barboza, Melina Giradi Fachin. Salvador: JusPodivm, 2018.

SILVA, Jeovan Assis da; FLORÊNCIO, Pedro de Abreu e Lima. Políticas Judiciárias no Brasil: o judiciário como autor de políticas públicas. Revista do Serviço Público - RSP, v. 62, n. 2, p. 119-136, 2011. Disponível em: http://repositorio.enap.gov.br/handle/1/1666. Acesso: 20 set. 2023.

VIANA, Werneck, CARVALHO, Maria Alice Rezende de, MELO, Manuel Palacios Cunha, BURGUS, Marcelo Baumann. Corpo e alma da magistratura brasileira. Rio de Janeiro: Revan, 1997. 3ª ed.

ZIRBEL, Ilza. Ondas do Feminismo. Blogs da Ciência da Universidade Estadual de Campinas: Mulheres na Filosofia, V. 7, n.2, 2021. Disponível em: https://www.blogs.unicamp.br/mulheresnafilosofia/ondas-do-feminismo/. Acesso em: 08 ago. 2023.




DOI: http://dx.doi.org/10.26668/2525-9849/Index_Law_Journals/2023.v9i2.10111

Apontamentos

  • Não há apontamentos.


Licença Creative Commons
Este obra está licenciado com uma Licença Creative Commons Atribuição-NãoComercial 4.0 Internacional.