REFLEXÕES APLICADAS SOBRE JUSTIÇA RESTAURATIVA: DOS ASPECTOS TEÓRICOS AOS PRÁTICOS

Paula Renata Alves Abreu, Thiago Allisson Cardoso de Jesus

Resumo


O presente artigo tem como propósito discorrer acerca da difusão de mecanismos extraprocessuais de solução de conflitos na seara criminal. Para consecução deste objetivo geral, a Justiça Restaurativa será evidenciada enquanto novo modelo de justiça penal que se calca, essencialmente, em paradigmas mais fraternos, humanos e moderados. Em linhas iniciais, destina-se, portanto, o trabalho em voga à compreensão ideológica e estrutural do modelo retributivo, bem como ao entendimento de suas ineficiências ante a axiomática sucumbência do sistema penal contemporâneo. Sequencialmente, expor-se-á sobre a ascensão histórica e conceitual da Justiça Restaurativa, vislumbrada como um caminho apto à promoção saudável do gerenciamento de crises interpessoais. Por derradeiro, debater-se-á acerca da multiplicidade de experiências permitidas no bojo do movimento restaurativo, expondo-se, para isso, as suas principais formas de manifestação. A metodologia da pesquisa utilizada foi a análise qualitativa-exploratória de obras doutrinárias, declarações, resoluções e relatórios técnico-científicos existentes sobre a temática, com o fito de bem compreender o restaurativismo e suas configurações. Portanto, é constatável, conclusivamente, que a Justiça Restaurativa, uma das inquestionáveis expressões dos Direitos Humanos na era pós-moderna, funda-se no fomento de pacificação e concórdia entre os indivíduos, visando colaborar para a construção de uma sociedade multicultural, biocêntrica, tolerante e que saiba gerir suas querelas.

Palavras-chave


Mecanismos Extraprocessuais; Justiça Restaurativa; Justiça Penal; Solução de Conflitos; Direitos Humanos

Texto completo:

PDF

Referências


ACHUTTI, Daniel. Justiça Restaurativa e abolicionismo penal. Contribuições para um novo modelo de administração de conflitos no Brasil. 2ª ed. São Paulo: Saraiva, 2016.

ANDRADE, Vera Regina Pereira de. Pelas mãos da criminologia: O controle penal para além da (des)ilusão. Rio de Janeiro: Revan, CIC, 2012.

ASSUMPÇÃO, Cecília Pereira de Almeida; YAZBEK, Vania Curi. Justiça Restaurativa: um conceito em desenvolvimento. In: GRECO, Aimée et al. Justiça Restaurativa em ação: práticas e reflexões. São Paulo: Dash, 2014. p. 41-61.

BECCARIA, Cesare. Dos delitos e das penas. 2ª ed. São Paulo: Edipro, 2015.

BRASIL. Conselho Nacional de Justiça. Justiça em Números 2019. Brasília, 2019. Disponível em:https://www.cnj.jus.br/wpcontent/uploads/conteudo/arquivo/2019/08/justicaem_numeros20190919.pdf. Acesso em: 05 de ago. 2020.

BRASIL. Conselho Nacional de Justiça. Pilotando a Justiça Restaurativa: o papel

do Poder Judiciário. Brasília, 2018. Disponível em: https://www.cnj.jus.br/wpcontent/uploads/2011/02/722e01ef1ce422f00e726fbbee709398.pdf. Acesso em: 06 de ago. 2020.

BRASIL. Lei nº 12.594, de 18 de janeiro de 2012. Institui o Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo (Sinase), regulamenta a execução das medidas socioeducativas destinadas a adolescente que pratique ato infracional; e altera as Leis nºs 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente); 7.560, de 19 de dezembro de 1986, 7.998, de 11 de janeiro de 1990, 5.537, de 21 de novembro de 1968, 8.315, de 23 de dezembro de 1991, 8.706, de 14 de setembro de 1993, os Decretos-Leis nºs 4.048, de 22 de janeiro de 1942, 8.621, de 10 de janeiro de 1946, e a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), aprovada pelo Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2012/Lei/L12594.htm. Acesso em: 03 de ago. 2020.

CARNELUTTI, Francesco. As misérias do processo penal. São Paulo: Editora Pillares, 2009.

CARNELUTTI, Francesco. Como nasce o Direito. São Paulo: Editora Pillares, 2015.

CARNELUTTI, Francesco. O problema da pena. São Paulo: Editora Pillares, 2015.

DECLARAÇÃO da Costa Rica sobre a Justiça Restaurativa na América Latina, de 06 de dezembro de 2005. In: LEAL, César Barros. Justiça Restaurativa: Amanhecer de uma Era. Curitiba: Juruá, 2014.

DECLARAÇÃO sobre os princípios fundamentais de justiça para as vítimas de delitos e do abuso de poder - adotada pela Resolução 40/34, da Assembleia Geral, de 29 de novembro de 1985. In: LEAL, César Barros. Justiça Restaurativa: Amanhecer de uma Era. Curitiba: Juruá, 2014.

EVANS, Katherine; VAANDERING, Dorothy. Justiça Restaurativa na Educação. São Paulo: Palas Athena, 2018. Tradução de Tônia Van Acker.

GOMES, Luiz Flávio; BIANCHINI, Alice. O Direito Penal na era da globalização. São Paulo: RT, 2002.

IAMUNDO, Eduardo. Sociologia e antropologia do direito. São Paulo: Saraiva, 2013.

JESUS, Thiago Allisson Cardoso de. Uma avaliação política do PRONASCI à luz da cidadania no Estado Democrático de Direito. Dissertação (Mestrado em Políticas Públicas) – Programa de Pós-Graduação em Políticas Públicas, Universidade Federal do Maranhão. São Luís, 2012.

LEAL, César Barros. Justiça Restaurativa: Amanhecer de uma Era. Curitiba: Juruá, 2014.

MEIRELLES, Cristina Assumpção; MARIONI, Marta dos Reis. Conferência de Grupo Familiar (FGC): Projeto-piloto no sistema judiciário. In: GRECO, Aimée et al. Justiça Restaurativa em ação: práticas e reflexões. São Paulo: Dash, 2014. p. 231-249.

MEIRELLES, Cristina Assumpção; YAZBEK, Vania Curi. Formatos conversacionais nas metodologias restaurativas. In: GRECO, Aimée et al. Justiça Restaurativa em ação: práticas e reflexões. São Paulo: Dash, 2014. p. 107-125.

MUMME, Monica. Justiça Restaurativa: um caminho de valor social que acontece no coletivo. In: PELIZZOLI, Marcelo L. (Org.). Justiça Restaurativa: caminhos da pacificação social. Recife: Editora UFPE, 2016.

OLIVEIRA, Cristina Rego de. Mediação Penal & Justiça: Da Ética da Alteridade como fundamento filosófico para a adoção das práticas restaurativas. Curitiba: Juruá: 2013.

PALLAMOLLA, Raffaella da Porciuncula. Justiça Restaurativa: da teoria à prática. São Paulo: IBCCRIM, 2009.

PELIZZOLI, Marcelo L. Cultura de Paz Restaurativa. In: PELIZZOLI, Marcelo L. (Org.). Justiça Restaurativa: caminhos da pacificação social. Recife: Editora UFPE, 2016.

PENIDO, Egberto de Almeida. Cultura de Paz e Justiça Restaurativa: uma jornada da alma. In: PELIZZOLI, Marcelo L. (Org.). Justiça Restaurativa: caminhos da pacificação social. Recife: Editora UFPE, 2016.

RESOLUÇÃO 2002/12 do Conselho Econômico e Social das Nações Unidas. In: LEAL, César Barros. Justiça Restaurativa: Amanhecer de uma Era. Curitiba: Juruá, 2014.

RIBEIRO, Natália Vilar Pinto. Punição e justiça: um questionamento sobre o atual modelo punitivo. In: PELIZZOLI, Marcelo L. (Org.). Justiça Restaurativa: caminhos da pacificação social. Recife: Editora UFPE, 2016.

RODRIGUES, Francisco William Lopes. Mediação prisional é possível? 2012. Dissertação (Mestrado em Direito Constitucional) – Programa de Pós-graduação em Direito Constitucional, da Universidade de Fortaleza. Fortaleza: Fundação Edson Queiroz, Universidade de Fortaleza, Centro de Ciências Jurídicas – CCJ, 2012.

SALIBA, Marcelo Gonçalves. Justiça Restaurativa e Paradigma Punitivo. Curitiba: Juruá, 2009.

SICA, Leonardo. Justiça Restaurativa e Mediação Penal: O novo modelo de Justiça Criminal e de gestão do crime. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2007.

TOLEDO, Francisco de Assis. Princípios básicos de direito penal. 4ª ed. São Paulo: Saraiva, 1991.

TRINDADE, Jorge. Manual de psicologia jurídica para operadores do direito. 6 ed. Porto Alegre: Ed. Livraria do Advogado, 2012.

ZEHR, Howard. Justiça Restaurativa: Teoria e Prática. São Paulo: Palas Athena, 2015.

ZEHR, Howard. Trocando as lentes: um novo foco sobre o crime e a justiça. São Paulo: Palas Athena, 2008.




DOI: http://dx.doi.org/10.26668/IndexLawJournals/2358-1352/2022.v32i12.6739

Apontamentos

  • Não há apontamentos.