A CIDADE COMO ESPAÇO DE RESISTÊNCIA: A RELAÇÃO ENTRE A PROSTITUIÇÃO E O ESPAÇO URBANO DA CIDADE DE PORTO ALEGRE.

Clarissa Demartini, Renata Almeida da Costa, Tatiane Lemos Nascente

Resumo


A relação entre prostituição e cidade pode mostrar-se conflituosa. A presença das profissionais do sexo em determinada área urbana pode acabar por desvalorizá-la comercialmente ou transmitir uma imagem negativa da cidade para aqueles que a visitam. O presente artigo busca analisar se há, no espaço urbano, conflitos estabelecidos entre as profissionais do sexo e entes do poder público quanto ao uso de locais públicos para a captação de clientes, bem como se os particulares se mostram contrários à presença das prostitutas nos arredores de seus locais de moradia e/ou trabalho, em contraponto ao fato de não ser, a prostituição, considerada crime no Brasil. A pesquisa concentra-se na cidade de Porto Alegre, no período compreendido entre o final da década de 80 até a atualidade, sem descuidar do que a doutrina refere sobre o tema, para além dessas fronteiras. O estudo apontou que as prostitutas precisam conviver com a violência institucional e também com o preconceito das pessoas que dividem espaço com essas profissionais. Resistir é uma constante na vida das profissionais do sexo. A construção dessa pesquisa conta com a empiria trazida por meio da entrevista realizada com a Diretora do Núcleo de Estudos sobre Prostituição, o qual tem sede na cidade de Porto Alegre bem como faz uso da revisão bibliográfica para suporte teórico do tema que se pretende desenvolver.

Palavras-chave


Cidades; Estigma; Prostituição; Segurança; Violência

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DOI: http://dx.doi.org/10.26668/IndexLawJournals/2526-0065/2023.v9i1.9629

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