INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL E ENVIESAMENTO ALGORÍTMICO COMO POSSÍVEL INSTRUMENTO DE VIOLAÇÃO DOS PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS NO ÂMBITO DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA DIGITAL

Bruno Mello Corrêa de Barros Beuron, Daniela Richter

Resumo


Considerando-se o contexto brasileiro contemporâneo, marcado pela produção e difusão exponencial de informações, comunicação em larga escala e acesso à variados conteúdos informacionais e diferentes meios de sociabilidade tecnológica, alicerçados, sobretudo, na utilização maciça da internet e das mídias digitais que a Administração Pública se coloca em um perene desafio para atender a população e alcançar serviços públicos adequados com presteza e celeridade. Neste enfoque, a governança digital por meio dos algoritmos e da inteligência artificial se propaga no ambiente administrativo público a partir de tecnologias de automação de atos administrativos e de sistemas técnicos de gestão pública, é sobre tal tema, na perspectiva das violações dos princípios constitucionais da Administração Pública que se assenta o presente trabalho, isto é, na análise de o uso dos algoritmos representarem, ou não, uma violação aos princípios constitucionais. Para tanto, objetiva-se a descrição do uso da inteligência artificial no ambiente público, bem como da governança digital e do controle social democrático. Para feitura do artigo em tela, empregou-se o método de abordagem hipotético-dedutivo, bem como o método de procedimento fenomenológico, além da técnica de pesquisa bibliográfica e documental.


Palavras-chave


Algoritmo; Administração Pública Digital; Enviesamento; Inteligência Artificial; Violações.

Texto completo:

PDF

Referências


BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Senado Federal.

Brasília, 1988. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm. Acesso em: 23 março. 2023.

BRASIL. Decreto nº 10.332, de 28 de abril de 2020. Institui a Estratégia de Governo Digital para o período de 2020 a 2022, no âmbito dos órgãos e das entidades da administração pública federal direta, autárquica e fundacional e dá outras providências. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2020/Decreto/D10332.htm#art14. Acesso em: 22 março. 2023.

BRASIL, Decreto nº 11.260, de 22 de novembro de 2022. Dispõe sobre a elaboração e o encaminhamento da Estratégia Nacional de Governo Digital e prorroga o período de vigência da Estratégia de Governo Digital, instituída pelo Decreto nº 10.332, de 28 de abril de 2020. Disponível em: https://pesquisa.in.gov.br/imprensa/jsp/visualiza/index.jsp?data=23/11/2022&jornal=515&pagina=3. Acesso em: 13 abril. 2023.

BRASIL. Decreto nº 9.319, de 21 de março de 2018. Institui o Sistema Nacional para a Transformação Digital e estabelece a estrutura de governança para a implantação da Estratégia Brasileira para a Transformação Digital. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2018/Decreto/D9319.htm. Acesso em: 22 março. 2023.

CASTELLS, M. A era da informação: economia, sociedade e cultura. São Paulo: Paz e Terra v. 1, 2 e 3, 1999.

CELLA, José Renato Gaziero; VAZ, Ana Carolina. Técnica do Autoprecedene e Inteligência Artificial nos processos judiciais eletrônicos. In: SERBENA, César Antônio (Coord.). E-Justiça da UFPR. Curitiba: Juruá, 2013.

CEPIK, Marco Aurélio Chaves; CANABARRO, Diego Rafael; POSSAMAI, Ana Júlia. Do novo gerencialismo público à governança na era digital. In: Governança de TI: transformando a administração pública no Brasil. Porto Alegre: WS, 2010.

DELMAS-MARTY, Mireille. Résistir, responsabiliser, antecipar. Paris: Seuil, 2013.

Dunleavy, Patrick, Hala Yared, and Simon Bastow. 2003. Government agility: The scope for improving

public sector performance. A report for AT Kearney by the London School of Economics Public

Policy Group, August 5

Dunleavy, Patrick, Hala Yared, and Simon Bastow. 2003. Government agility: The scope for improving

public sector performance. A report for AT Kearney by the London School of Economics Public

Policy Group, August 5

Dunleavy, Patrick, Hala Yared, and Simon Bastow. 2003. Government agility: The scope for improving

public sector performance. A report for AT Kearney by the London School of Economics Public

Policy Group, August 5

Dunleavy, Patrick, Hala Yared, and Simon Bastow. 2003. Government agility: The scope for improving

public sector performance. A report for AT Kearney by the London School of Economics Public

Policy Group, August 5

EGGERS, W; SCHATSKY, D; VIECHBNICKI, P. AI-Augmented Government: using cognitive e technologies to redesign public sector work. [S.1], 2017. Disponível em: http://deloitte.com/insights/us/en/focus/cognitive-technologies/artificial-intelligence-government.htm. Acesso em: 25 março. 2023.

FALEIROS JÚNIOR, José Luiz de Moura. Administração Pública Digital: proposições para o aperfeiçoamento do Regime Jurídico Administrativo na sociedade da informação. Indaiatuba, SP: Editora Foco, 2020.

FOUCAULT, M. Em Defesa da Sociedade: curso dado no Collège de France (1975-1976). 2ª ed. São Paulo: Martins Fontes, 2010.

FOUCAULT, M. Nascimento da Biopolítica: curso dado no Collège de France (1978-1979). São Paulo: Martins Fontes, 2008.

INTRONA, L. D. Algorithms, performativity and governability (early draft). In: GOVERNING ALGORITHMS: a conference on computation, automation, and control, 2013, New York. Anais. New York, 2013. Disponível:. Acesso: 23 março. 2023.

KOWALSKI, R. Algorithm= logic+ control. Communications of the ACM, New York, v. 22, n. 7, p. 424-436, 1979.

LAGE, Fernanda Carvalho. Manual de Inteligência Artificial no Direito Brasileiro. Salvador: Editora JusPodvim, 2021.

LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Marina de Andrade. Fundamentos de Metodologia Científica. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2003.

LÉVY, Pierre. As tecnologias da inteligência. Trad. Carlos Irineu da Costa. São Paulo: Ed, 34, 1993.

MEHR, H. Artificial Intellience for citzen services and government. [S.1], 2017. Disponível em: http://ash.harvard.edu/files/files/artificial_intelligence_for_citizen_services.pdf. Acesso em: 22 março 2023.

OLIVO, Luis Carlos Cancellier de. Controle Social em Rede da Administração Pública Virtual. In: Direito e Informática. Aires José Rover (organizador. Barueri, SP: Manole, 2004

PIMENTA, C. C. A reforma gerencial do Estado brasileiro no contexto das grandes tendências mundiais. In: Revista de Administração Pública, Rio de Janeiro, v. 32, n. 5, p. 173-199, set./out. 1998.

PINHEITO, Patrícia Peck. Direito Digital. 7. ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2021.

ROVER, Aires José. Informática no Direito: inteligência artificial. Curitiba: Juruá, 2001.

RUSSEL, Stuart J. Q&A: The Future of Artificial Inteligence. University of Berkley, 2016. Disponível em: http://people.eecs.berkley.ed/russel//temp/q-and-a.html Acesso em: 26 março. 2023.

SALDANHA, Jânia Maria Lopes. Os Desafios do “Império Cibernético” na Era da Aceleração e da Informação: Um “sexto continente” de liberdade perfeita ou de controle perfeito?. In. Direitos emergentes na sociedade global: anuário do programa de pós-graduação em direito da UFSM. Organizador Jerônimo Tybusch ... [et al.]. Ijuí, RS: Unijuí, 2013, (p. 173-219).

SANTOS, Milton. Técnica, Espaço e Tempo: Globalização e Meio Técnico-científico-informacional. 5. ed. 1. reimpr. – São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo: 2013.

SERBENA, César Antônio. Perspectivas de aplicação da inteligência artificial no direito. In: SERBENA, César Antônio (Coord.). E-Justiça da UFPR. Curitiba: Juruá, 2013.

SILVEIRA, Sérgio Amadeu. Governo dos Algoritmos. In: Revista de Políticas Públicas, vol. 21, num 1., 2017.

SCHWAB, Klaus. A Quarta Revolução Industrial. Tradução Daniel Moreira Miranda. São Paulo: Edipro, 2016.

TACCA, Adriano; ROCHA, Leonel Severo. Inteligência Artificial: reflexos no sistema do Direito. In: Revista do Paradigma de Pós-Graduação em Direito da UFC, v. 38.2, jul./dez. 2018.

VARELA, Diego A. Lógica paraconsistente: lógicas da inconsistência formal e dialeteísmo. Fundamento, Ouro Preto, v.1, n.1, p.186-201, set./dez. 2010.

WYPYCH, Ricardo; KFOURI NETO, Miguel. Inteligência Artificial no Judiciário Brasileiro: a construção de um modelo para efetivação de direitos e garantias individuais: In: Anais do XXVIII Encontro Nacional do CONPEDI, Goiânia, Brasil, 2019.




DOI: http://dx.doi.org/10.26668/IndexLawJournals/2526-0049/2023.v9i1.9539

Apontamentos

  • Não há apontamentos.


Licença Creative Commons
Este obra está licenciado com uma Licença Creative Commons Atribuição-NãoComercial 4.0 Internacional.