Movimento #MeToo: história, participação e conquistas das mulheres
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Resumo
A violência de gênero sofrida pelas mulheres, considerada pela ONU a pandemia mais longa e mortal do mundo, ampliou-se e diversificou-se ao longo do tempo. O assédio sexual teve sua generalidade e gravidade demonstradas pelo movimento de mulheres #MeToo, cuja hashtag foi mencionada mais de 12 milhões de vezes nas redes sociais mundialmente. O movimento, que começou local, conquistou e extrapolou a internet, reverberando na mídia tradicional, nas grandes eventos de premiações culturais e nas ruas. Tamanho alcance decorreu da revelação de uma série de abusos cometidos ao longo de décadas pelo magnata hollywoodiano Harvey Weinstein. Tais ilícitos teriam sido possíveis devido à complacência e ao favorecimento de um sistema forjado e ocupado por pessoas como ele. Após as reportagens, milhares de mulheres denunciaram publicamente os abusos que sofreram, dando visibilidade ao problema e provocando um grande impacto global, levando à mudança no combate ao fenômeno. Ante o exposto, o presente estudo teve como objetivo analisar o surgimento do #MeToo, os fatores que favoreceram sua repercussão, as conquistas por ele proporcionadas e a modificação na abordagem do assédio sexual após 2017. Para tanto, utilizou-se o método dedutivo por pesquisa bibliográfica, adotando-se como principal referencial teórico Maria da Glória Gohn, sobre movimento social, além de Nancy Fraser, acerca de questões de gênero e paridade de participação. Finalmente, analisaram-se as críticas dirigidas ao movimento, concluindo-se que, apesar de relevante, há espaço para participação e inclusão de atores e propostas mais diversos.
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