Movimento #MeToo: história, participação e conquistas das mulheres

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Aline Toledo Silva
http://orcid.org/0009-0006-3000-6202

Abstract

A violência de gênero sofrida pelas mulheres, considerada pela ONU a pandemia mais longa e mortal do mundo, ampliou-se e diversificou-se ao longo do tempo. O assédio sexual teve sua generalidade e gravidade demonstradas pelo movimento de mulheres #MeToo, cuja hashtag foi mencionada mais de 12 milhões de vezes nas redes sociais mundialmente. O movimento, que começou local, conquistou e extrapolou a internet, reverberando na mídia tradicional, nas grandes eventos de premiações culturais e nas ruas. Tamanho alcance decorreu da revelação de uma série de abusos cometidos ao longo de décadas pelo magnata hollywoodiano Harvey Weinstein. Tais ilícitos teriam sido possíveis devido à complacência e ao favorecimento de um sistema forjado e ocupado por pessoas como ele. Após as reportagens, milhares de mulheres denunciaram publicamente os abusos que sofreram, dando visibilidade ao problema e  provocando um grande impacto global, levando à mudança no combate ao fenômeno. Ante o exposto, o presente estudo teve como objetivo analisar o surgimento do #MeToo, os fatores que favoreceram sua repercussão, as conquistas por ele proporcionadas e a modificação na abordagem do assédio sexual após 2017. Para tanto, utilizou-se o método dedutivo por pesquisa bibliográfica, adotando-se como principal referencial teórico Maria da Glória Gohn, sobre movimento social, além de Nancy Fraser, acerca de questões de gênero e paridade de participação. Finalmente, analisaram-se as críticas dirigidas ao movimento, concluindo-se que, apesar de relevante, há espaço para participação e inclusão de atores e propostas mais diversos.

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Toledo Silva, A. (2024). Movimento #MeToo: história, participação e conquistas das mulheres. Revista De Gênero, Sexualidade E Direito, 10(1). https://doi.org/10.26668/2525-9849/Index_Law_Journals/2024.v10i1.10484
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Artigos
Author Biography

Aline Toledo Silva, Universidade FUMEC

Mestrado em Direito Público pela Universidade FUMEC (em curso). Integrante do Grupo de Pesquisa em Direito Processual (GEPRO) registrado no CNPq. Graduação incompleta em Direito, pela UFMG, com 1.590 horas cursadas  (2009-2012), continuação pela Universidade Paulista - unidade Ribeirão Preto (2013), conclusão pela Universidade Paulista - unidade Tatuapé (2014). Graduação em Comunicação Social, habilitação Publicidade e Propaganda, pela UFMG (2004) e habilitação Relações Públicas (2004). Servidora do Tribunal de Contas do Estado de Minas Gerais (2008-2011), com atuação na Revista do TCE (2009-2011). Servidora do TRF 1 Região, com lotação na JEF em Contagem/MG (2011). Auditora-Fiscal do Trabalho (2011-Atual), tendo atuado em Grupo Móvel de Auditoria de Condições de Trabalho em Obras de Infraestrutura, Grupo Móvel Rural do Estado de São Paulo, grupo de combate ao trabalho escravo da SRTE-SP e Grupo Especial de Fiscalização Móvel (GEFM), sendo os dois últimos especializados no combate de trabalhadores submetidos a condições análogas às de escravo. Desde 2017 atua exclusivamente na Corregedoria, COGER/MTE, COGER/ME, COGER/MTP, na condução de Processos Administrativos Disciplinares, Sindicâncias Patrimoniais, Investigações Preliminares Sumárias. Participou da Academy on Workplace Compliance through Labor Inspecion, Co-financiado pelo Ministério Italiano de relações exteriores e Cooperação Internacional, Organizado em cooperação com o LABADMIN/OSH braço da OIT (2019), em decorrência de seleção realizada pela Secretaria de Inspeção do Trabalho e, em 2020, foi selecionada para o curso Mestrado em Relações de Trabalho e Emprego, oferecido pela Centro Internacional de Formação da Organização Internacional do Trabalho (CIF-OIT), em parceria com a Universidade de Turim.

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