POR QUE A CHINA IMPERIAL NÃO PENSOU A LIBERDADE? NOTAS SOBRE AS PECULIARIDADES DA TRADIÇÃO NORMATIVA CHINESA

Marcelo Maciel Ramos

Resumo


O presente artigo tem como objeto a tradição normativa da China imperial no contexto de suas percepções sobre o homem e o mundo. A partir de um exame de suas peculiaridades linguísticas, intelectuais e éticas, busca-se compreender as razões pelas quais não se teria produzido na cultura chinesa clássica uma preocupação com a liberdade. A noção não só está ausente dos debates dos grandes pensadores chineses, como não se encontrará na língua chinesa clássica nenhum ideograma que corresponda à ideia. Por que a liberdade, que é tão constitutiva do imaginário e dos discursos prevalecentes no Ocidente, esteve ausente em uma civilização  tão  sofisticada  e  longeva  como  a  chinesa?  Para  responder  essa  questão, procuramos expor neste trabalho as características prevalecentes da normatividade da China imperial, tentando demonstrar como as suas percepções sobre o homem e o mundo resistem e se distanciam daquilo que no Ocidente se pensou como liberdade.


Palavras-chave


China imperial, Normatividade chinesa, Confucionismo, Liberdade

Texto completo:

PDF

Referências


BENVENISTE, Émile. Le Vocabulaire des Institutions Indo-européennes. Pouvoir, Droit, Religion. T. 2. Paris: Les Éditions de Minuit, 1969.

BÉSINEAU, Jacques. Matteo Ricci: Serviteur du Maître du Ciel. Paris: Desclée de Brouwer, 2003.

CONFÚCIO. Diálogos de Confúcio. Trad. Anne Cheng; Alcione Soares Ferreira. São Paulo: IBRASA, 1983.

GRANET, Marcel. La Religion des Chinois. Paris: Imago, 1989.

GRANET, Marcel. O Pensamento Chinês. Trad. Vera Ribeiro. Rio de Janeiro: Contraponto, 1997.

HALL, David L.; AMES, Roger T. Anticipating China: Thinking through the Narratives of Chinese and Western Culture. New York: State University of New York, 1995.

HALL, David L.; AMES, Roger T. Thinking Through Confucius. New York: State University of New York Press, 1987.

HEGEL, G.W.F. Filosofia da História. Trad. Maria Rodrigues e Hans Harden. 2 ed. Brasília: UnB, 1999.

JULLIEN, François. De l’Universel, de l’Uniforme, du Commun et du Dialogue entre les Cultures. Paris: Fayard, 2008.

JULLIEN, François. Fundar a Moral: diálogo de Mêncio com um filósofo das Luzes. Trad. Maria das Graças de Souza. São Paulo: Discurso, 2001.

JULLIEN, François. L’Invention de l’Idéal et le Destin de l’Europe. Paris: Seuil, 2009. JULLIEN, François. La Propension des Choses: Pour une histoire de l’efficacité en Chine. Paris: Seuil, 1992.

JULLIEN, François. Si Parler va sans Dire. Du logos et d’autres ressources. Paris: Seuil, 2006.

LAO-TSEU. Tao-tö King. Trad. Liou Kia-hway. Paris: Gallimard, 1967.

MALEBRANCHE, Nicolas. Diálogos de um Filósofo Cristão e de um Filósofo Chinês. Trad.João Gama. Lisboa: Edições 70, 1990.

XUNZI. Basic Writings. Trad. Burton Watson. New York: Columbia University Press, 2003. XUNZI. Xunzi. (Bilingual edition) Trad. John Knoblock and Zhang Jue. Huan; Beijing: Hunan People’s Publishing House; Foreign Languages Press: 1999.




DOI: http://dx.doi.org/10.26668/IndexLawJournals/2526-0251/2015.v1i1.203

Apontamentos

  • Não há apontamentos.


Revista de Sociologia, Antropologia e Cultura Jurídica, Florianópolis (SC), e-ISSN: 2526-0251

Licença Creative Commons
Este obra está licenciado com uma Licença Creative Commons Atribuição-NãoComercial 4.0 Internacional.