DESTRUINDO ESTÁTUAS: O INCÊNDIO NO MONUMENTO A BORBA GATO E A RELEVÂNCIA DA MEMÓRIA PELO OLHAR DOS OPRIMIDOS

Conteúdo do artigo principal

Lara Ferreira Lorenzoni
http://orcid.org/0000-0001-7356-3806
Raoni Vieira Gomes

Resumo

A memória é construção da identidade de um povo, fenômeno de caráter eminentemente político. Traçando o problema da identificação afetiva com o vencedor, coloca-se aqui o incêndio na estátua de Manuel de Borba Gato em perspectiva, sob a tese do necessário acerto de contas com o passado pelo olhar dos oprimidos. Assim, faz-se o exame do evento ocorrido no Brasil dentro do contexto mais amplo da milenar luta por identidade, reconhecimento e memória, que, na historiografia benjaminiana, deve se dar nos termos daquilo o que foi deixado para trás na passarela dos fatos pela marcha imponente dos vencedores.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Detalhes do artigo

Como Citar
LORENZONI, Lara Ferreira; GOMES, Raoni Vieira. DESTRUINDO ESTÁTUAS: O INCÊNDIO NO MONUMENTO A BORBA GATO E A RELEVÂNCIA DA MEMÓRIA PELO OLHAR DOS OPRIMIDOS. Revista Brasileira de História do Direito, Florianopolis, Brasil, v. 7, n. 2, p. 40–59, 2022. DOI: 10.26668/IndexLawJournals/2526-009X/2021.v7i2.8124. Disponível em: https://indexlaw.org/index.php/historiadireito/article/view/8124. Acesso em: 30 dez. 2024.
Seção
Artigos
Biografia do Autor

Lara Ferreira Lorenzoni, Faculdade de Direito de Vitória (FDV)

Doutoranda em Direitos e Garantias Fundamentais pela FDV (bolsista FAPES). Mestre em Direito Processual pela UFES (bolsista FAPES), com ênfase em Direito Processual Penal e História do Direito. Especialista em Direito Penal e Direito Processual Penal. Membro do Grupo de Pesquisa CNPq Teoria Crítica do Constitucionalismo. Advogada.

Raoni Vieira Gomes, Faculdade de Direito de Vitória (FDV)

Mestre em Direitos e Garantias Fundamentais pela FDV. Especialista em Ciências Criminais pela FDV. Membro do Grupo de Pesquisa CNPq Teoria Crítica do Constitucionalismo. Membro da Rede de Estudos Benjaminianos. Advogado.

Referências

ARTE QUE ACONTECE. 10 estátuas pelo Brasil que poderiam ser retiradas. Disponível em: <https://www.artequeacontece.com.br/10-estatuas-pelo-brasil-que-poderiam-ser-retiradas/>. 2020. Acesso em: 20 ago. 2020.

ASSMANN, Aleida. Espaços da recordação: formas e transformações da memória cultural. Tradução: Paulo Soethe. Campinas, SP: Editora da Unicamp, 2011.

BARONETTI, Bruno Sanches. Espaços de sociabilidade das populações negras em São Paulo: as escolas de samba e suas intersecções com os movimentos associativos (1949-1978). 2021. 466 f. Tese (Doutorado) – Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo.

BBCBRASIL. Multidão ajuda a destruir estátua de Saddam Hussein. Disponível em: < https://www.bbc.com/portuguese/noticias/2003/030409_estatuaaw.shtml>. 2003. Acesso em: 21 ago. 2020.

BENJAMIN, Walter. Eduard Fuchs, colecionador e historiador. In: BENJAMIN, Walter. O anjo da história. Tradução: João Barrento. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2012, p. 123-164.

BENJAMIN, Walter. Magia e técnica, arte e política: ensaios sobre literatura e história da cultura. Obras escolhidas, vol. 1. Tradução de Sérgio Paulo Rouanet. 3. ed. São Paulo: Editora Brasiliense, 1987, p. 165-196.

CAFÉ HISTÓRIA. Especialistas comentam derrubadas de monumentos e estátuas pelo mundo. Disponível em: <https://www.cafehistoria.com.br/especialistas-comentam-derrubada-de-estatuas-pelo-mundo/>. 2020. Acesso em: 21 ago. 2020.

CANABARRO, Ivo dos Santos. FLORES, Luís Gustavo Gomes. Direitos humanos, transformações sociais e a reconstrução da memória sobre a ditadura brasileira: reflexões a partir da comissão nacional da verdade. Revista de Direitos e Garantias Fundamentais, Vitória, v. 19, n. 2, p. 149-180, maio/ago. 2018.

CARVALHO FRANCO, Francisco de Assis. Dicionário de Bandeirantes e Sertanistas do Brasil: séculos XVI – XVII - XVIII. São Paulo: Comissão do IV Centenário da Cidade de São Paulo, 1954.

CHOAY, Françoise. A alegoria do patrimônio. Revisão e tradução: Pedro Bernardo. Lisboa: Edições 70, 1999.

DANTAS, Fabiana Santos. O direito fundamental à memória. 2008. 285 f. Tese (Doutorado em Direito Constitucional) – Centro de Ciências Jurídicas, Universidade Federal de Pernambuco, Recife.

EL PAÍS. Prisão de ativista que queimou Borba Gato provoca debate sobre a memória de São Paulo. Disponível em: https://brasil.elpais.com/brasil/2021-07-29/prisao-de-ativista-que-queimou-borba-gato-provoca-debate-sobre-a-memoria-de-sao-paulo.html. Acesso em: 20 set. 2021.

FRANCISCHETTO, Gilsilene Passon P.; PINHEIRO, Priscila. Para que não se esqueça: direito fundamental à memória e a contribuição da formação escolar. Joaçaba, v. 20, n. 2, p. 377-396, jul./dez. 2019.

G1. Manifestantes derrubam estátua do traficante de escravos Edward Colston em Bristol, na Inglaterra. Disponível em: <https://g1.globo.com/mundo/noticia/2020/06/07/manifestantes-derrubam-estatua-do-traficante-de-escravos-edward-colston-em-bristol-na-inglaterra.ghtml>. Acesso em: 20 ago. 2020.

GALEANO, Eduardo. As veias abertas da América Latina. Tradução: Sergio Faraco. Porto Alegre, RS: L&PM, 2019.

LE GOFF, Jacques. História e memória. Tradução: Bernardo Leitão. Campinas, SP: Editora da Unicamp, 1990.

LÖWY, Michael. Walter Benjamin: aviso de incêndio: uma leitura das teses “Sobre o conceito de história”. São Paulo: Boitempo, 2005.

MATE, Reyes. La herencia del olvido: ensayos en torno a la razón compasiva. Madrid: Errata Naturae, 2008.

MATE, Reyes. Meia-noite na história: comentários às teses de Walter Benjamin “Sobre o conceito de história”. Tradução de Nélio Schneider. São Leopoldo, RS: Ed. UNISINOS, 2011.

MONTEIRO, John Manuel. Negros da Terra. Índios e Bandeirantes nas origens de São Paulo. São Paulo: Companhia das Letras, 1994.

OLIVEIRA, Antonio Leal de. O direito à memória como um dos fundamentos da dignidade humana: memória política e a justiça para as vítimas do progresso. 2017. 312 f. Tese (Doutorado em Direito) – Programa de Pós-Graduação em Direito, Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro.

Oliveira, Lúcia Lippi. A conquista do espaço: sertão e fronteira no pensamento brasileiro. História, Ciências, Saúde-Manguinhos [online]. 1998, v. 5, pp. 195-215.

PENA. Sérgio D. J. Humanidade Sem Raças?. São Paulo: Publifolha, 2008.

PIRES, Thula Rafaela de Oliveira. Criminalização do racismo: entre política de reconhecimento e meio de legitimação do controle social dos não reconhecidos. 2013. 323 f. Tese (Doutorado em Direito) – Programa de Pós-Graduação em Direito, Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro.

RICOEUR, Paul. A memória, a história, o esquecimento. Tradução: Alain François. Campinas, SP: Editora da Unicamp, 2007.

ROUSSO, Henry. A memória não é mais o que era. In: AMADO, Janaína; FERREIRA, Marieta de Moraes (Orgs.). Usos e abusos da história oral. 8a. ed. Rio de Janeiro: Ed. FGV, 2006, p. 93-101.