ADMINISTRAÇÃO CONSENSUAL E CONFIANÇA PÚBLICA: O DIÁLOGO COMPETITIVO COMO FERRAMENTA DISRUPTIVA DA AQUISIÇÃO PÚBLICA TRADICIONAL

Alexandre Antonio Bruno da Silva, Cíntia Menezes Brunetta, Paulo Roberto Fontenele Maia

Resumo


A nova Lei 14.133/2021 surge em um cenário brasileiro carente de decisões transparentes e objetivas em termos de políticas públicas. Mais do que isso, ingressa no ordenamento jurídico pátrio no meio de uma pandemia que forçou uma reinterpretação e uma reinvenção de velhas e ultrapassadas práticas administrativas inspiradas em tradições seculares. O presente artigo aborda questões tão diversas como administração consensual e machine learning, legitimidade e governança, burocracia e eficiência. Pretende buscar no passado legitimidade e razão para as transformações, encontrar no presente ferramentas possíveis para elas e projetar no futuro uma administração pública mais coerente e democrática. No seu desenvolvimento, reconhece-se que pensar em modernização do Estado é pensar em burocracia e em processos decisórios transparentes. Defende-se, a seguir, que a nova modalidade licitatória trazida pela Lei 14.133/2021, o diálogo competitivo, inaugura uma Administração Pública menos encastelada e mais horizontal, institucionalizando a participação privada na busca pelas melhores soluções para os desafios da “era da informação”.  Conclui-se que se está diante de uma transformação paradigmática do Direito Público, em que abandona o formalismo jurídico para uma interpretação mais realista da norma mediante a concretização da Administração Pública consensual.


Palavras-chave


Lei 14.133/2021; Diálogo competitivo; Administração pública consensual; Processos decisórios automatizados; Algoritmos; Confiança pública

Texto completo:

PDF

Referências


BEVIR, Mark. Governança democrática: uma genealogia. Reverendo Sociol. Polit., Curitiba, v. 19, n. 39, p. 103-114, junho de 2011. Disponível em . acesso em 17 de fevereiro de 2021. https://doi.org/10.1590/S0104-44782011000200008.

BEVIR, Mark. Porque a distância histórica não é um problema. História da Historiografia: International Journal of Theory and History of Historiography, v. 8, n. 18, 14 set. 2015.

BRENNINMEIJER, Alex. Meer dan een burger-servicenummer. 2018. Disponível em: https://www.nationaleombudsman.nl/uploads/tijdschrift_voor_conflicthantering_hoeveel_legitimatie_schept_lokale_democratie.pdf. Último acesso em: 05 jul. 2019.

CASTELLS, M. A era da informação: fim de milênio. 3. ed. São Paulo: Paz e Terra, 2002. v. 3.

CHEEMA, G. Shabbir; RODINELLI, Dennis A. From Government descentralization to decentralized governance. In: Decentralizing governance: emerging concepts and practices. Washington: Brooking Institution Press, 2007. P 1-20.

CHRISTIAN, B.; GRIFFITHS, T. Algorithms to live by the computer science of humam decisions. New York: Henry Holt and Co, 2016.

DANAHER, John et al. Algorithmic governance: Developing a research agenda through the power of collective intelligence. Big Data & Society, v. 4, n. 2, 2017.

FREY, Klaus. Desenvolvimento, boa governança e democracia local. Braz. sci. político rev. (Online), Rio de Janeiro , v. 3, Selected Edition, 2008 . Disponível em . acesso em 17 de fevereiro de 2021.

GONÇALVES, Alcindo Fernandes; COSTA, José Augusto Fontoura. Governança global e regimes internacionais. São Paulo: Almedina, 2011.

JOSEPH, Rhoda C.; JOHNSON Norman A. Big data and transformational government. Disponível em: https://pennstate.pure.elsevier.com/en/publications/big-data-and-transformational-government. Acesso em 04 fev. 2021.

KRAEMER, F; VAN OVERVELD, K; PETERSON, M. Is there an ethics of algorithms? Ethics and Information Technology 13(3): 251–260, 2011.

MAX, Karl. Crítica da filosofia do direito de Hegel. Trad. Rubens Enderle e Leonardo de Deus. 3ª. Ed. São Paulo: Boitempo, 2013.

MILL, John Stuart. Sobre a liberdade e a sujeição das mulheres. Trad. Paulo Geiger. 1ª ed. São Paulo: Penguin Classics Companhia das letras, 2017.

MITTELSTADT, B. D. et al. The ethics of algorithms: mapping the debate. Big Data & Society, v. 3, n. 2, p. 205395171667967, 2016. Disponível em: .

NAIK, Gauri, BHIDE, Sanika S. Bhide. Will the future of knowledge work automation transform personalized medicine?. Applied & translational genomics 3, no. 3 (2014): 50-53.

O’NEIL, C. Weapons of math destruction: How big data increases inequality and threatens democracy. Broadway Books, 2016.

OLIVEIRA, G. J. et al. A administração consensual como a nova face da administração pública no séc. XXI. Revista da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo, São Paulo, v. 104, p. 303-322, jan./dez. 2009.

PASQUALE, Frank. The Black Box Society. Cambridge, Massachusetts: Harvard University Press, 2016.

TENÓRIO, F. G. Weber e a burocracia. Revista do Serviço Público, v. 38, n. 4, p. 79-90, 19 jul. 2017. Disponível em: https://revista.enap.gov.br/index.php/RSP/article/view/2328. Acesso em: 15 set. 2020.

SCHILLING, Voltaire. Franz Kafka e o horror à burocracia. 06 mar. 2013. Terra – Educação – História. Disponível em:

WEBER, Max. O que é burocracia. Brasília: Conselho Nacional de Administração, 2018. Disponível em: . Acesso em: 20 fev. 2019.

WEBER, Max. Economia e Sociedade: fundamentos da sociologia compreensiva. Vol. 2. Trad. Regis Barbosa e Karen Elsabe Barbosa. 4a ed. Brasília: Editora Universidade de Brasília, 2015.

WEBER, Max. Economia e Sociedade: fundamentos da sociologia compreensiva. Vol. 1. Trad. Regis Barbosa e Karen Elsabe Barbosa. 4a ed. Brasília: Editora Universidade de Brasília, 2014.

WEBER, Max. Ensaios de sociologia. Trad. Waltensir Dutra. 5. Ed. Rio de Janeiro: LTC, 2016.

WORLD BANK. Sub-Saharan Africa: from crIsis to sustainable growth. Whashingot: World Bank, 1989. Disponível em: https://documents.worldbank.org/en/publication/documents-reports/documentdetail/498241468742846138/from-crisis-to-sustainable-growth-sub-saharan-africa-a-long-term-perspective-study. Aceso em 17 fev. 2021.




DOI: http://dx.doi.org/10.26668/IndexLawJournals/2358-1352/2023.v34i13.7486

Apontamentos

  • Não há apontamentos.