O PRESENTE COMO HISTÓRIA E O FASCISMO ETERNO
Abstract
O presente é o lugar no qual se representada – é o teatro, na verdade – em que se torna visível, opera-se o condensado semântico, o patrimônio de sentido que se sedimentou como traço do passado, como resíduo seletivo que orienta a ação social. Nesse sentido, o presente não é o início de sua própria temporalidade, mas é consequência, é ponto de chegada. O presente é memória, é diferença entre lembrar e esquecer. O presente é história.
E assim: se quisermos compreender o presente como história, é necessário, antes de tudo, esclarecer qual era a modernidade diante da qual corria o século passado em seus primeiros vinte anos. Então poderemos ver quais inércias semânticas continuam a operar em nosso presente e poderemos compreender sua relevância no contexto da autorrepresentação da sociedade e na reflexão de seus limites, ou seja, na imagem de seu presente futuro. Poderemos observar, assim, as características da modernidade de nossa modernidade e o fluxo de sedimentos de sentido que continuam a operar no presente como resíduos das ameaças, inextinguível inércia, como detrito semântico do passado.
Descobriremos, então, que o presente está inquinado aquilo que, com Umberto Eco, poderemos chamar, Ur-fascismo, fascismo eterno: este Ur-fascismo adquire no nosso presente conotações particulares que definem o modo pelos quais a política, a economia, mas também o direito - e as religiões que a eles se adaptam - exercem violência contra a complexidade da sociedade moderna. A experiência deste Ur-fascismo nos faz pensar no sonho que José Arcadio Buendia faz, el sueño de los cuartos infinitos: um estranho sonho em que ele despierta hacia atrás, despierta al revés.
Parole chiave
Full Text
PDF (Português (Brasil))Riferimenti bibliografici
ALEKSIEVICH, Svetlana. El fin del “homo sovieticus”. Trad. del ruso de J. Ferrer. Barcelona: Quaderns Crema, 2015.
BOCCIONI, Umberto. Contro la vigliaccheria artistica italiana. Lacerba, 1° settembre 1913.
CANGIANO, Minno. Aspetti del modernismo fascista (Italia, Francia, Germania: 1918- 1939). Enthymema, XXVIII, p. 125-144. 2021.
Croce, Benedetto, Per la rinascita dell’idealismo (1908), in: Cultura e vita morale, Laterza, Bari 1953, p. 36 (cfr. E. Gentile, 1996, p. 16)
DE GIORGI, Raffaele. PRIZRENI, Adriana (ed.). Lo sguardo dell’altro. Lecce: Pensa MultiMedia, 2018.
ECO, Umberto. Il fascismo eterno. Milano: La Nave di Teseo, 2017.
GADAMER, Hans-Georg. dá uma palestra intitulada: Volk und Geschichte im Denken Herders. Frankfurt a.M.: Vittorio Klostermann, 1967.
GENTILE, Emilio. Le origini dell’ideologia fascista (1918-1925), il Mulino, Bologna 1996.
GENTILE, Emilio. The Struggle for Modernity: Nationalism, Futurism, and Fascism. Westport: Praeger, 2003.
GRIFFIN, Roger. Modernism and Fascism: The Sense of a Beginning under Mussolini and Hitler. London: Palgrave, 2007.
GRIFFIN, Roger. Modernity, Modernism, and Fascism: A “mazeway” resynthesis. IN: [?]. MODERNISM/modernity, Baltimore: Johns Hopkins University Press, 2008, p. 9-24. [Vol. XV, n. 1].
GRIFFIN, Roger. The Nature of Fascism. London: Routledge, 2013.
HERDER, Johann Gottfried. Auch eine Philosophie der Geschichte zur Bildung der Menschheit. Stuttgart: Reclam, 1990.
HORKHEIMER, Max. Subjektivität und Selbsterhaltung: Beiträge zur Diagnose der Moderne. Herausgegeben und eingeleitet von H. Ebeling. Frankfurt a.M.: Suhrkamp, 1996, p. 41-75.
KLINKHAMMER, Lutz; BERNHARD, Patrik (ed.). L‘”uomo nuovo” del fascismo: tra progetto e azione [Schriftenreihe - Ricerche dell’istituto storico germanico di Roma], Band 11 (2017).
LE BON, Gustave. Psicologia delle folle. Milano: Edizioni TEA, Milano, 2004 [(1895)].
LEVITSKY, Steven; WAY, Lucan A. Competitive Authoritarianism: Hybrid Regimes after the Cold War. Cambridge: Cambridge University, 2010.
LUHMANN, Niklas; DE GIORGI, Raffaele. Teoria della società. Milano: Franco Angeli, 1991
LUHMANN, Niklas. Haltlose Komplexität. IN: _____. Soziologische Aufklärung, 5: Konstruktivistische Perspektiven. Opladen: Westdeutscher, 1990, p. 59-76.
LUHMANN, Niklas. Soziale Aufklärung. IN: _____. Soziologische Aufklärung, 1: Aufsätze zur Theorie sozialer Systeme. Opladen Westdeutscher, 1996 (1970), p. 66-91.
MORASSO, Mario. L’imperialismo nel secolo XX: La conquista del mondo. Milano: Fratelli Treves, 1905. p. 32 e 39.
PELLIZZI, Camillo. Idealismo e fascismo. Gerarchia, I (1922), 10, pag. 605-612 (Cfr. E. Gentile, 1996, pag. 156)
PELLIZZI, Camillo. Problemi e realtà del fascismo. Firenze: Vallecchi, 1924.
STERNHELL, Zeev. Les anti-lumières: Une tradition du XVIIIe siècle à la guerre froide. Paris: Gallimard, 2010.
WEINGART, Peter; KROLL, Jürgen; BAYERTZ, Kurt (Org.). Rasse, Blut und Gene: Geschichte der Eugenik und Rassenhygienie in Deutschland. Frankfurt a.M.:, Suhrkamp, 1992.
WOLIN, Richard. The Seduction of Unreason: The intellectual Romance with Fascism from Nietzsche to Postmodernism. Princeton: University of Princeton, 2004.
ZINOVIEV, Aleksander. Homo sovieticus. Atlantic Monthly Press, 1985.
DOI: https://doi.org/10.26668/IndexLawJournals/2358-1352/2022.v32i12.9158
Refback
- Non ci sono refbacks, per ora.