A REPRESENTAÇÃO DA MULHER CRIMINOSA NA REVISTA VEJA

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Eduarda Toscani Gindri

Resumo

A pesquisa teve o objetivo de investigar a representação da mulher criminosa no discurso do jornalismo da revista Veja. Inicialmente, explorou as discussões teóricas sobre crime e mulher pelos marcos do paradigma de gênero e da criminologia crítica. O jornalismo foi entendido como um espaço de construção de sentidos em forma de narrativas. Com estes fundamentos, foi realizada uma Análise de Discurso a partir do texto de quatro edições da revista Veja, entre 2003 e 2013, que traziam mulheres criminosas em reportagens de capa. A análise considerou a pesquisa realizada por Yvonne Jewkes (2004), que identificou oito formas narrativas padrão que o jornalismo lança mão ao falar da criminalidade feminina: 1) sexualidade e desvio sexual; 2) atração física; 3) condição matrimonial, como más esposas; 4) maternidade, como más mães; 5) monstros mitológicos; 6) “vacas loucas”; 7) manipuladoras do mal; e 8) não agentes. Concluiu-se que as oito formas narrativas aparecem no jornalismo da revista Veja, mobilizados nas narrativas sobre mulheres criminosas, reforçando valores que contribuem para a construção de uma imagem estereotipada, reducionista, de acordo com padrões patriarcais de gênero que inferiorizam as mulheres.

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Como Citar
GINDRI, Eduarda Toscani. A REPRESENTAÇÃO DA MULHER CRIMINOSA NA REVISTA VEJA. Revista de Direito Brasileira, Florianopolis, Brasil, v. 15, n. 6, p. 270–294, 2016. DOI: 10.26668/IndexLawJournals/2358-1352/2016.v15i6.3082. Disponível em: https://indexlaw.org/index.php/rdb/article/view/3082. Acesso em: 19 nov. 2024.
Seção
JUSTIÇA CONSTITUCIONAL
Biografia do Autor

Eduarda Toscani Gindri, Universidade de Brasília

É mestranda no Programa de Pós-Graduação em Direito da Universidade de Brasília, na linha “Sociedade, conflito e movimentos sociais”. É também advogada, graduada em Direito pelo Centro Universitário Franciscano (2014), e bacharel em Comunicação Social - Jornalismo pela Universidade Federal de Santa Maria (2013).

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