AS COALIZÕES DO “PRESIDENCIALISMO DE COALIZÃO” NO BRASIL: A GÊNESE LEGISLATIVA NA EXPERIÊNCIA CONSTITUCIONAL DE 1988

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Maurício Palma

Resumo

O artigo analisa a literatura neo-institucionalista sobre o chamado “presidencialismo de coalizão” no Brasil. Sustenta-se, sob o ângulo da teoria da diferenciação funcional luhmanniana, que pressões desdiferenciantes, nacionais ou não, advindas principalmente do sistema econômico, sobre o sistema político fazem com que tais análises, porquanto concentradas atomisticamente em organizações estatais, sejam insuficientemente complexas. Apresenta-se que a governança hodierna é também de base não política, arcana e tecnicista, instrumentalizando a política estatal, decorrendo daí questões relativas à legitimidade, representatividade e coalizões do sistema político. Nesse sentido, conclui-se que o desenho constitucional de formação legislativa envolve-se com formas estatais e não estatais de governança, que podem operar como agentes sabotadores. Assim, as coalizões do presidencialismo no Brasil são múltiplas, arcanas e não apenas ligadas à política, o que mostra pontos cegos do neo-institucionalismo.

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Como Citar
PALMA, Maurício. AS COALIZÕES DO “PRESIDENCIALISMO DE COALIZÃO” NO BRASIL: A GÊNESE LEGISLATIVA NA EXPERIÊNCIA CONSTITUCIONAL DE 1988. Revista de Direito Brasileira, Florianopolis, Brasil, v. 20, n. 8, p. 408–428, 2018. DOI: 10.26668/IndexLawJournals/2358-1352/2018.v20i8.3956. Disponível em: https://indexlaw.org/index.php/rdb/article/view/3956. Acesso em: 19 nov. 2024.
Seção
30 ANOS DA CONSTITUIÇÃO E DO PROCESSO CONSTITUCIONAL
Biografia do Autor

Maurício Palma, Universidade de Brasília

Mestre (PUC/SP) e Doutor (UnB) em Direito. Pesquisador Doutor do grupo de pesquisa DISCO (UnB).

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