A DESIGUALDADE DA SELEÇÃO CRIMINALIZANTE SECUNDÁRIA EM RELAÇÃO DE EXCEÇÃO: REFLEXÕES A PARTIR DE GIORGIO AGAMBEN

Antonio José Martins Fernandes, Luanna Tomaz de Souza

Resumo


O presente trabalho tem o objetivo de responder à pergunta: de que forma o pensamento de Giorgio Agamben se perfaz através do processo de seleção criminalizante secundária. A pergunta surge a partir da percepção das desigualdades reproduzidas por estes processos, conforme observou pelas estatísticas criminais. Compara-se esse contexto com os elementos essenciais do pensamento de Agamben. Utiliza-se a metodologia de levantamento bibliográfico e documental para análise comparativa dos elementos com a realidade da seleção criminalizante realizada pelas agências policiais no Brasil, concluindo que, apesar das diferenças entre os contextos, estes podem ser materiais de interpretação e compreensão da nossa realidade.


Palavras-chave


Processo de criminalização. Seletividade. Relação de exceção. Vida nua. Racismo

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DOI: http://dx.doi.org/10.26668/IndexLawJournals/2526-0065/2020.v6i1.6593

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