Por que Juízes Aplicam Padrões Jurídicos Espúrios? Uma Abordagem Comportamental

Contenido principal del artículo

Vinicius de Souza Faggion

Resumen

É possível que existam regras jurídicas que são simplesmente ruins ou espúrias. Boa parte delas foi criada com o melhor dos propósitos, mas, infelizmente, circunstâncias não previstas ou mudanças de comportamento social tornam sua aplicação injusta ou excessivamente onerosa aos sujeitos atingidos. Curiosamente, regras capazes de produzir soluções ruins ou indesejáveis do ponto de vista moral costumam prevalecer, mesmo em ocasiões nas quais há juízes que optam por desconsiderá-las, fornecendo boas razões para não aplicá-las, em favor de outra decisão. Por que tais padrões jurídicos ainda prevalecem como soluções de disputas reguladas pelo direito? Defendo que a causa dessa persistência é explicada por dois fenômenos estudados no campo da psicologia social, nomeadamente, o experimento da conformidade e submissão à consensos majoritários de Asch e a ignorância pluralista. Caso esteja correto, esses fenômenos ou vieses comportamentais são um obstáculo que impede o prevalecimento de soluções morais mais sensatas sobre alguns casos concretos, pois reforçam uma lógica de aplicação formal do direito.

Descargas

Los datos de descargas todavía no están disponibles.

Detalles del artículo

Cómo citar
FAGGION, Vinicius de Souza. Por que Juízes Aplicam Padrões Jurídicos Espúrios? Uma Abordagem Comportamental. Teorias do Direito e Realismo Jurídico, Florianopolis, Brasil, v. 1, n. 1, p. 1–23, 2015. DOI: 10.26668/IndexLawJournals/2525-9601/2015.v1i1.213. Disponível em: https://indexlaw.org/index.php/teoriasdireito/article/view/213. Acesso em: 22 dic. 2024.
Sección
Artigos
Biografía del autor/a

Vinicius de Souza Faggion, Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro - PUC, Rio de Janeiro.

Mestre em Direito pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro.

Citas

ANDERSEN, Hans Christian. A roupa nova do Rei. In: ANDERSEN, Hans Christian. Histórias Maravilhosas de Andersen. Trad. Heloísa Jahn.1ª ed. São Paulo: Companhia das Letrinhas, 2007. p. 15-21.

ASCH, Solomon E. Opinions and Social Pressure. In: Scientific American, v. 193, n. 5, 1955, p. 17-26. Disponível em: http://www.radford.edu/~jaspelme/_private/gradsoc_articles/obedience/Asch_1955.pdf. Acesso em: 20 abr. 2015.

BIDDLE, Bruce J. Role Theory, Expectations, Identities, and Behaviors. 1ª ed. Nova Iorque: Academic Press, 1979. 416p.

BJERRING, Jens Christian;et. al. On the rationality of pluralistic ignorance. In: Synthese, v. 191, n. 11, jul. 2014, p. 2445-2470. Disponível em:

http://link.springer.com/article/10.1007%2Fs11229-014-0434-1. Acesso em: 02 jan. 2015.

BRAND-BALLARD, Jeffrey. Limits of Legality – The Ethics of Lawless Judging. 1ª ed. Oxford: Oxford University Press, 2010. 354p.

BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Processo Penal. Habeas Corpus. Tráfico ilícito de drogas. HC nº 155.391-ES, 6ª Turma, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, 02 set. 2010. Disponível em: http://stj.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/16677184/habeas-corpus-hc-155391- es-2009-0234881-9/inteiro-teor-16996507. Acesso em: 02 jul. 2015.

BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Processo Penal. Habeas Corpus. Tráfico ilícito de drogas. 240.258-SP, 5ª Turma, Rel. Min. Laurita Vaz, 13 ago. 2013. Disponível em: http://stj.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/23942152/habeas-corpus-hc-240258-sp-2012-

-2-stj/inteiro-teor-23942153. Acesso em: 02 jul. 2015.

BRENNAN, Geoffrey; et al. Explaining Norms. 1ª ed. Oxford: Oxford University Press, 2013. 304p.

BICCHIERI, Cristina. The Grammar of Society – The Nature and Dynamics of Social Norms. 1ª ed. Cambridge: Cambridge University Press, 2006. 278p.

BOCCHIARO, Piero; ZAMPERINI, Adriano. Conformity, Obedience, Disobedience: The Power of the Situation. In: ROSSI, Giana (ed.). Psychology - Selected Papers. 1ª ed. Rijeka: InTech , 2014. Cap. 14, p. 275-294. Disponível em: http://www.intechopen.com/books/psychology-selected-papers/conformity-obedience- disobedience-thepower-of-the-situation. Acesso em: 20 abr. 2015.

COVER, Robert M. Justice Accused: Antislavery and the Judicial Process. 1ª ed. Yale: Yale University Press, 1984. 322p.

DAGGER, Richard; LEFKOWITZ, David. Political Obligation. In: Stanford Encyclopedia of Philosophy, 2014. Disponível em: http://plato.stanford.edu/entries/political-obligation/. Acesso em: 27 jul. 2015.

GOLDSWORTHY, Jeffrey. The Limits of Judicial Fidelity to Law: The Coxford Lecture. In: Canadian Journal of Law and Jurisprudence, v.. 24, n.1, jul. 2011, p. 305-325. Diponível em: http://papers.ssrn.com/sol3/papers.cfm?abstract_id=2138710. Acesso em: 14 ago. 2014.

GREEN, Leslie. Law and the Role of a Judge. In: Oxford Legal Studies, v. 47, 2014, p. 1-30.

HARDIMON, Michael O. Role Obligations. In. Journal of Philosophy, vol. 91, 1994. pp.333-63.

HART, Herbert L. A. O Conceito de Direito. 2ª ed. Lisboa: Gulbekian-Calouste, 1994. HUEMER, Michael. The Problem of Political Authority: An Examination of the Right to Coerce and the Duty to Obey. 1ª ed. Hampshire: Palgrave Macmillan, 2012. [edição ebook].

HURD, Heidi. O Combate Moral. Trad. Edison Bini. 1ª ed. São Paulo: Martins Fontes, 2003.484p.

KLOSKO, George. Political Obligations. 1ª ed. Oxford: Oxford University Press, 2005. 266p. LYONS, David. Ethics and the Rule of Law. 1ª ed. Cambridge: Cambridge University Press, 1984. 229p.

MARCH, James G.; OLSEN, Johan P. The New Institutionalism: Organizational Factors in Political Life. In: The American Political Science Review, v. 78, n. 3, set. 1984, p. 734-749. Disponível em:http://chenry.webhost.utexas.edu/core/Course%20Materials/March1984/0.pdf. Acesso em: 30 dez. 2014.

MILGRAM, Stanley. Obedience to Authority: An Experimental View. 1ª ed. Nova Iorque: Harper Perennial, 2009. 256p.

MOORE, Michael S. Four Reflections on Law and Morality. In: William & Mary Law Review, v. 48, n. 5, 2007, p. 1523-1569. Disponível em: http://scholarship.law.wm.edu/cgi/viewcontent.cgi?article=1185&context=wmlr. Acesso em: 21 abr. 2015.

MURPHY, Mark C. Philosophy of Law - The Fundamentals. 1ª ed. Blackwell: Blackwell Publishing, 2007. 214p.

O´GORMAN, Hubert J. The discovery of pluralistic ignorance: An ironic lesson. In: Journal of the History of the Behavioral Sciences, v. 22, n. 4, p. 333-347. Disponível em: http://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1002/1520-6696(198610)22:4%3C333::AID- JHBS2300220405%3E3.0.CO;2-X/abstract. Acesso em: 05 jan. 2015.

SCHAUER, F. Is There a Psicology of Judging? In: KLEIN, David. E.; MITCHELL, Gregory. The Psychology of Judicial Decision Making. 1ª ed. Oxford: Oxford University Press, 2010. Cap. 7, p. 103-120.

SHAPIRO, Scott J. Judicial Can’t. In: Philosophical Issues, v. 11, n. 1, out. 2001. p. 530-557.

TARDELLI, Brenno; GARCIA, Nathalie. Insignificância: homem é condenado pelo STJ por tráfico de 0,02g de maconha. In: Justificando, 22 jun. 2015. Disponivel em: http://justificando.com/2015/06/22/insignificancia-homem-e-condenado-pelo-stj-por-trafico- de-002g-de-maconha/. Acesso em 02 jul. 2015.

. What is the Internal Point of View? In: Yale Law Scholl Working Paper Series, out. 2006, p. 1-22. Disponível em: http://papers.ssrn.com/sol3/papers.cfm?abstract_id=937337. Acesso em: 04 dez. 2014.

WELLMAN, Christopher Heath; SIMMONS, John A. Is There a Duty to Obey the Law? 1ª ed. Cambridge: Cambridge University Press, 2005. 216p.

WISTRICH, A.J.; GUTHRIE, C.; RACHLINSKI, J.J. Can judges ignore inadmissible information?: The difficulty of deliberately disregarding. In: University of Pennsylvania

Law Review, n.153, 2005, p.1251-1345. Disponível em: http://scholarship.law.cornell.edu/cgi/viewcontent.cgi?article=1019&context=lsrp_papers. Acesso em: 07 jun. 2015.

. Inside the judicial mind. In: Cornell Law Review, n. 86, 2001, p. 777-830. Disponível em: http://scholarship.law.cornell.edu/cgi/viewcontent.cgi?article=1734&context=facpub. Acesso em: 07 jun. 2015.

ZIMBARDO, Philip. The Lucifer Effect: Understanding How Good People Turn Evil. 1ª ed. Nova Iorque: Random House Trade Paperbacks, 2008. 576p.