A AUSÊNCIA DE INTERSECCIONALIDADE NO CONCEITO DE COLONIALIDADE DO PODER DE ANÍBAL QUIJANO E SEUS REFLEXOS NAS RELAÇÕES DE TRABALHO E GÊNERO NO MUNDO CONTEMPORÂNEO

Flávia Souza Máximo Pereira, Luana Roussin Brasil Vieira

Resumo


O presente artigo analisa sob a vertente jurídico-sociológica a conexão entre o fenômeno social das relações de trabalho e gênero e o fenômeno jurídico constituído pela desigualdade e discriminação no mercado de trabalho contemporâneo, mediante uma crítica à ausência de interseccionalidade do conceito de colonialidade do poder elaborado pelo sociólogo peruano Aníbal Quijano. Primeiramente, é analisado o conceito de colonialidade do poder, para demonstrar que tal concepção não é capaz de apreender a complexidade das identidades e das desigualdades decorrentes da modernidade, vez que se utiliza de categorias herméticas e homogêneas, sem aplicar a interseccionalidade necessária para desocultar subalternidades sobrepostas. Posteriormente, é examinado o reflexo da ausência de interseccionalidade do conceito  de  colonialidade  do  poder  nas relações  de  trabalho  e  gênero  no  mundo contemporâneo, no intuito de demonstrar que a lógica da separação categórica distorce os seres e fenômenos sociais que existem na interseção, que são vítimas de subalternidades ocultas e articuladas. Por fim, é elaborada uma breve conclusão sobre o tema.

Palavras-chave


Colonialidade do poder, Interseccionalidade, Trabalho, Gênero, Subalternidade

Texto completo:

PDF

Referências


BALLESTRIN, Luciana. América Latina e o giro decolonial. Revista Brasileira de Ciência

Política, nº11. Brasília, maio - agosto de 2013, pp. 89-117.

BILGE, Sirma. Théorisations féministes de l’intersectionnalité. Diogène, 1 (225): 70-88, 2009. BUTLER, Judith. Bodies That Matter: On the Discursive Limits of Sex. New York, Routledge,

In: COSTA, Cláudia Lima. O sujeito no feminismo: revisitando os debates. Cadernos Pagu, 19, 59-

, 2002.

COSTA, Cláudia Lima.O sujeito no feminismo: revisitando os debates. Cadernos Pagu, 19, 59-

, 2002.

CRENSHAW, Kimberlé W. Demarginalizing the intersection of race and sex; a black feminist critique of discrimination doctrine, feminist theory and antiracist politics. University of Chicago Legal Forum, pp. 139-167,1989 In: HIRATA, Helena. Gênero, classe e raça: Interseccionalidade e consubstancialidade das relações sociais. Tempo Social, revista de sociologia da USP, v. 26, n. 1. p. 61-73, jun 2014.

EISENSTEIN, Zillah. An Alert: Capital is Intersectional; Radicalizing Piketty’s Inequality. The feminist Wire, 2014.

GOSSETT, Thomas F. The History of an Idea in America, Southern Methodist University Press, 1964.

GROSFOGUEL, Rámon. Revista Crítica de Ciências Sociais, 80, Março 2008: 115-147.

HIRATA, Helena. Gênero, classe e raça: Interseccionalidade e consubstancialidade das relações sociais. Tempo Social, revista de sociologia da USP, v. 26, n. 1. p. 61-73, jun 2014.

HIRATA, Helena, Kergoat Danièle. Novas Configurações da divisão sexual do trabalho. Cadernos de Pesquisa, v. 37, n. 132, set./dez. 2007

QUIJANO, Aníbal. Colonialidade do Poder, Eurocentrismo e América Latina. In: A colonialidade do saber: eurocentrismo e ciências sociais. Perspectivas latino-americanas. Edgardo Lander (org). Colección Sur Sur, CLACSO, Ciudad Autónoma de Buenos Aires, Argentina. Setembro, 2000.

QUIJANO, Aníbal. Colonialidad del poder, globalización y democracia. Revista de Ciências Sociales de la Universidad Autónoma de Nuevo León, Año 4, Números 7 y 8, Septiembre –Abril, 2002.

QUIJANO, Aníbal. Colonialidad del Poder y Clasificacion Social, Festschrift for Immanuel

Wallerstein, part I, Journal of World Systems Research, V. XI:2, summer/fall, 2001.

LÉVINAS, Emmanuel. Totalité et infini: essai sur l’exteriorité. Paris: Librairie Générale Françoise,

In: MEGALE, Maria Helena Damasceno e Silva. O induzimento como forma de violência e injustiça no processo juspolítico: a premência da educação, janela de esperança para a lucidez. Revista Brasileira de Estudos Políticos, Belo Horizonte, n. 100, p. 173-216, jan./jun. 2010

LUGONES, María. Colonialidad y género. Tabula Rasa. Bogotá - Colombia, No.9: 73-101, julio- diciembre, 2008.

MIGNOLO, Walter. Local Histories/Global Designs: Essays on the Coloniality of Power, Subaltern Knowledges and Border Thinking. Princeton: Princeton University Press, 2000.

SANTOS, Boaventura de Sousa. Um discurso sobre as Ciências na transição para uma ciências

pós-moderna. Estudos Avançados, 1988.

SEGATO,Rita Laura. Gênero e colonialidade: em busca de chaves de leitura e de um vocabulário estratégico descolonial. e•cadernos ces [Online], 18 | 2012.




DOI: http://dx.doi.org/10.26668/IndexLawJournals/2526-0251/2015.v1i1.302

Apontamentos

  • Não há apontamentos.


Revista de Sociologia, Antropologia e Cultura Jurídica, Florianópolis (SC), e-ISSN: 2526-0251

Licença Creative Commons
Este obra está licenciado com uma Licença Creative Commons Atribuição-NãoComercial 4.0 Internacional.