ANONIMIZAÇÃO DO DOADOR E BIOBANCOS DE REPRODUÇÃO ASSISTIDA

Conteúdo do artigo principal

Alexandra Clara Ferreira Faria
Roberto Henrique Pôrto Nogueira

Resumo

O estudo objetiva analisar se há conflito entre direito ao conhecimento da ascendência biológica e direitos da personalidade (anonimização ou confidencialidade de dados) do doador do material biológico humano armazenado em biobancos, consoante o §3º do art. 17 do Provimento do Conselho Nacional de Justiça n. 63/2017. A relevância do problema é evidente porque o tema estudado carece de regulamentação legal e envolve o embate de interesses próprios de sujeitos vulneráveis. A pesquisa é jurídico-teórica, sobretudo bibliográfica. Como resultado, conclui-se que o conhecimento da ascendência biológica pela criança gerada por técnicas de reprodução humana assistida não viola os direitos da personalidade do doador. 

Downloads

Não há dados estatísticos.

Detalhes do artigo

Como Citar
FARIA, Alexandra Clara Ferreira; NOGUEIRA, Roberto Henrique Pôrto. ANONIMIZAÇÃO DO DOADOR E BIOBANCOS DE REPRODUÇÃO ASSISTIDA. Revista Brasileira de Direito Civil em Perspectiva, Florianopolis, Brasil, v. 4, n. 1, p. 103–122, 2018. DOI: 10.26668/IndexLawJournals/2526-0243/2018.v4i1.4252. Disponível em: https://indexlaw.org/index.php/direitocivil/article/view/4252. Acesso em: 21 dez. 2024.
Seção
Artigos
Biografia do Autor

Alexandra Clara Ferreira Faria, Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais - PUC - MG, Minas Gerais – MG

Doutora em Direito pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais - PUC\Minas. Mestre em Direito pela Universidade de Ribeirão Preto/SP. Pós-Graduada em Direito Público e graduada em Direito pela Fundação Educacional Monsenhor Messias. Professora dos cursos de Pós-Graduação da PUC Virtual e do IEC - Instituto de Educação Continuada da PUC/Minas. Professora Adjunto IV da Faculdade Mineira de Direito/PUC/Minas.

Roberto Henrique Pôrto Nogueira, Universidade Federal de Ouro Preto - Minas Gerais

Doutor e Mestre em Direito Privado pelo Programa de Pós-Graduação da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. Especialista em Direito Tributário pela Faculdade de Direito Milton Campos. Graduado em Direito pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. Professor Adjunto do Curso de Graduação e Mestrado Acadêmico em Direito da Universidade Federal de Ouro Preto. Coordenador Acadêmico do Curso de Direito da UFOP. Experiência profissional docente junto à Faculdade Mineira de Direito da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (Coração Eucarístico, Barreiro e São Gabriel) e Faculdade Pitágoras. Foi responsável pelo Núcleo de Prática Jurídica do Curso de Direito da Faculdade Pitágoras de Belo Horizonte. No campo do Direito Privado, os estudos possuem foco nos novos direitos e novos modelos sob perspectiva do pluralismo epistemológico, para o enfrentamento de vulnerabilidades e de posições jurídicas inadmissíveis.

Referências

AMARAL, Francisco. Direito civil: introdução. 7. ed. Rio de Janeiro: Renovar, 2002.

ARRIBAS, Maria Concepción Martín; DÍAZ, Javier Arias. Biobancos y utilización de muestras de origem humano em investigación quirúrgica. Marco Normativo Actual. Revista Cirurgia Española - CIR ESP, Madrid, v. 89, n. 4, p. 207-212, 2011.

ASHTON-PROLLA, Patrícia et al. Biobanco do Hospital de Clínicas de Porto Alegre: aspectos técnicos, éticos, jurídicos e sociais. Revista HCPA, Porto Alegre, v. 29, n.1, p. 74-79, 2009.

BERALDO, Ana de Moraes. Bioética, biodireito e consentimento informado. Revista Trimestral de Direito Civil, Rio de Janeiro, v. 11, n. 41, p. 21-43, jan./mar. 2010.

BOÉCIO. Escritos. São Paulo: Martins Fontes, 2005.

BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil, de 05 de outubro de 1988. Diário Oficial da União, Brasília, 05 out. 1988. Disponível em: . Acesso em: 10 mar. 2018.

BRASIL. Lei nº 10.406, de 10 janeiro de 2002. Institui o Código Civil. Diário Oficial da União, Brasília, 11 jan. 2002. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/ 2002/L10406.htm>. Acesso em: 10 mar. 2018.

BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria nº 2.201, de 14 de setembro de 2011. Estabelece as Diretrizes Nacionais para Biorrepositório e Biobanco de Material Biológico Humano com Finalidade de Pesquisa. Diário Oficial da União, Brasília, 15 set. 2011. Disponível em: . Acesso em: 05 mar. 2018.

BRASIL. Conselho Nacional de Justiça. Provimento nº 63, de 14 de novembro de 2017. Institui modelos únicos de certidão de nascimento, de casamento e de óbito, a serem adotadas pelos ofícios de registro civil das pessoas naturais, e dispõe sobre o reconhecimento voluntário e a averbação da paternidade e maternidade socioafetiva no Livro “A” e sobre o registro de nascimento e emissão da respectiva certidão dos filhos havidos por reprodução assistida. Diário Oficial da União, Brasília, 17 nov.2017. Disponível em: <http://www.cnj.jus.br///images/atos_normativos/provimento/provimento_63_14112017_19032018150944.pdf>. Acesso em: 08 mar. 2018.

CAPELO DE SOUSA, Rabindranath Valentino Aleixo. O direito geral de personalidade. Coimbra: Coimbra Editora, 1995.

CONSELHO NACIONAL DE SAÚDE. Resolução CNS nº 441, de 12 de maio de 2011. Aprovar as seguintes diretrizes para análise ética de projetos de pesquisas que envolvam armazenamento de material biológico humano ou uso de material armazenado em pesquisas anteriores. Diário Oficial União, Brasília, 18 jul. 2011. Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/cns/2011/res0441_12_05_2011.html>. Acesso em: 20 mar. 2018.

CORDEIRO, Antônio Manuel da Rocha e Menezes. Da boa-fé no direito civil. Coimbra: Almedina, 2007.

CUPIS, Adriano de. Os direitos da personalidade. Campinas, SP: Romana Jurídica, 2004.

FARIA, Alexandra Clara Ferreira; SILVA, Flávia Helena Millard Rosa da. Doação de material genético: um estudo sobre sua permissibilidade jurídica. In: MOUREIRA, Diogo Luna; ALMEIDA, Renata Barbosa de; SÁ, Maria de Fátima Freire de (Coord.). Direito privado: revisitações. Belo Horizonte: Arraes Editores, 2013. p. 171-190.

FARIAS, Cristiano Chaves de; ROSENVALD, Nelson. Direito civil: teoria geral. 9. ed. Rio de Janeiro: Lúmen Júris, 2011.

FIÚZA, César. Direito civil: curso completo. 17. ed. Belo Horizonte: Del Rey, 2014.

MARTINS-COSTA, Judith; FERNANDES, Márcia Santana. Os biobancos e a doação de material biológico humano: um ensaio de qualificação jurídica. In: GOZZO, Débora; LIGIERA, Wilson Ricardo (Org.). Bioética e direitos fundamentais. São Paulo: Saraiva, 2012, p. 223-259.

MOUREIRA, Diogo Luna. Pessoas: a co-relação entre as coordenadas da pessoalidade e as coordenadas da personalidade jurídicas. Dissertação apresentada no Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Direito da Pontificia Universidade Católica de Minas Gerais. Disponível em: <http://www.biblioteca.pucminas.br/teses/Direito_MoureiraDL_1.pdf>. Acesso em: 20 ago. 2016.

NOMURA, Roseli Mieko Yamamoto. Reprodução Humana: Reprodução Assistida, Fertilização in vitro, Inseminação Artificial, Direitos Reprodutivos. In: GIMENES, Antônio Canteiro; BATISTA, Juliana dos Santos; FUJITA, Jorge Shiguemitsu; ROCHA, Renata da (org). Dilemas Acerca da Vida Humana: Interfaces entre a Bioética e o Biodireito. São Paulo: Atheneu, 2015.

RODOTÀ, Stefano. La vida y las reglas: entre el derecho y el no derecho. Madrid: Editorial Trotta, 2010.

ROMEO CASABONA, Carlos María; SIMON, Jurgen W. Biobanking: a chance for scientific research and a challenge for intelectual property rights and privacy. In: ROMEO CASABONA, Carlos Maria et al. Latinbanks: study on the legal and social implications of creating banks of biological material for biomedical research. Espanha: Bruylant Bruxelles, 2011, p. 05-15.

SÁ, Maria de Fátima Freire de; MOUREIRA, Diogo Luna. Autonomia para morrer: eutanásia, suicídio assistido e diretivas antecipadas de vontade. Belo Horizonte: Del Rey, 2012.

STANCIOLI, Brunello; CARVALHO, Nara Pereira. Da integridade física ao livre uso do corpo: releitura de um direito de personalidade. In: TEIXEIRA, Ana Carolina Brochado; RIBEIRO, Gustavo Pereira Leite (Coord.). Manual de teoria geral do direito civil. Belo Horizonte: Del Rey, 2011, p. 267-285.

TAYLOR, Charles. As fontes do self: a construção da identidade moderna. São Paulo: Loyola, 1997.

TEIXEIRA, Ana Carolina Brochado. Saúde, corpo e autonomia privada. Rio de Janeiro: Renovar, 2010.