DESAFIO DA EQUIDADE NO PROCESSO JUDICIAL NOS CONFLITOS DECORRENTES DO USO DE INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL

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Luciana Cristina Souza
http://orcid.org/0000-0003-1473-3849

Resumo

O uso da internet e de algoritmos de inteligência artificial permite a desterritorialidade das interações, tornando a imputabilidade da responsabilidade civil mais complexa ante a falta de legislação adequada e ao fato de muitas empresas fornecedoras dos serviços digitais estarem sediadas em território estrangeiro. A proteção dos direitos digitais da pessoa humana, como acontece na União Europeia, deve ser debate central no Brasil, justificando a aprovação de um Marco Legal da Inteligência Artificial. Atualmente, o Congresso Nacional brasileiro está analisando quatro projetos de lei para criar esse arcabouço jurídico, cujo objetivo do texto é analisá-los. Há urgência dessa legislação para que os direitos fundamentais assegurados no uso de algoritmos, notadamente no caso de Inteligência Artificial generativa. Por isso, os projetos de lei também precisam contemplar e disciplinar adequadamente as situações que exigem tutela estatal relativamente às novas tecnologias. Até o momento, eles indicam diretrizes e princípios gerais, o que significa que se terá necessidade de outro processo legislativo a posteriori para regulamentar adequadamente os meios de defesa dos direitos neles consignados, visto que os usuários dos serviços digitais estão vulneráveis aos ditames das Big Techs, e algumas delas sequer possuem escritório ou filial registrados no Brasil. In casu, o processo judicial dependerá de cooperação internacional, criando obstáculos de custo e acesso à justiça. Em conclusão, alcançar a equidade processual já é um desafio no sistema de justiça interno, maiores serão os obstáculos em uma demanda que dependa de execução da sentença em outro país, tornando urgente a aprovação do Marco.

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Como Citar
SOUZA, Luciana Cristina. DESAFIO DA EQUIDADE NO PROCESSO JUDICIAL NOS CONFLITOS DECORRENTES DO USO DE INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL. Revista Brasileira de Direito Internacional, Florianopolis, Brasil, v. 10, n. 1, 2024. DOI: 10.26668/IndexLawJournals/2526-0219/2024.v10i1.10467. Disponível em: https://indexlaw.org/index.php/direitointernacional/article/view/10467. Acesso em: 18 nov. 2024.
Seção
Artigos
Biografia do Autor

Luciana Cristina Souza, Mestrado em Relações Econômicas e Sociais da Faculdade de Direito Milton Campos. Faculdade de Políticas Públicas da Universidade do Estado de Minas Gerais

Professora do Programa de Mestrado em Direito nas Relações Econômicas e Sociais da Faculdade Milton Campos. Professora da Faculdade de Políticas Públicas e Gestão de Negócios da Universidade do Estado de Minas Gerais. Pesquisadora Produtividade da UEMG – PQ/UEMG. Líder do grupo de pesquisa Cidades Inteligentes e Desenvolvimento Humano (UEMG), membro do grupo de pesquisa Sociedade, Estado e Resiliência (Faculdade Milton Campos). Doutora em Direito pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. Mestre em Sociologia pela Universidade Federal de Minas Gerais.

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