AS VIOLAÇÕES SOFRIDAS PELO POVO KRENAK E O DANO CAUSADO AO PROJETO DE VIDA

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Rodrigo de Medeiros Silva
Paulo Gilberto Cogo Leivas

Resumo

Este artigo versa sobre as violações cometidas pelo Regime Militar ao povo Krenak e o possível dano ao projeto de vida. Conceituando esta espécie de dano como violação de direitos humanos, irá discorrer sobre a criação da Guarda Rural Indígena (GRIN), a instalação do presídio indígena em suas terras chamado “Reformatório Krenak” e o deslocamento forçado para outro centro de detenção indígena, denominado fazenda Guarani, no município de Carmésia/MG. Procurará se demonstrar que as ações cometidas a este povo, pelo Estado Brasileiro, devem ser reparadas também por atingir o modo e a expectativa de vida que possuíam a época. Para melhor identificar estes danos causados, o trabalho recorrerá à peça inicial da Ação Civil Pública nº 64483-95.2015.4.01.3800, impetrada pelo Ministério Público Federal, que trata das violações sofridas pelos Krenak e o Relatório da Comissão Nacional da Verdade, Volume II. Também se demostrará que a Corte Interamericana de Direitos Humanos já vem entendendo que este tipo de dano deve ser reparado.

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Como Citar
SILVA, Rodrigo de Medeiros; LEIVAS, Paulo Gilberto Cogo. AS VIOLAÇÕES SOFRIDAS PELO POVO KRENAK E O DANO CAUSADO AO PROJETO DE VIDA. Revista Brasileira de Direitos e Garantias Fundamentais, Florianopolis, Brasil, v. 3, n. 1, p. 118–135, 2017. DOI: 10.26668/IndexLawJournals/2526-0111/2017.v3i1.2023. Disponível em: https://indexlaw.org/index.php/garantiasfundamentais/article/view/2023. Acesso em: 27 dez. 2024.
Seção
Artigos
Biografia do Autor

Rodrigo de Medeiros Silva, UniRitter

Graduado em Direito pela Universidade de Fortaleza-UNIFOR, Fortaleza-CE (2003), possui especialização em Direito Civil e Processual Civil, pelo Instituto de Desenvolvimento Cultural - IDC, em Porto Alegre-RS (2016), é Mestrando em Direito (área de concentração em Direitos Humanos), na UniRitter, em Porto Alegre-RS (2017/2018). Fez cursos de extensão em Direitos Humanos pela Unicap, em Recife-PE (2004/2005), e em Direito Civil e Processo Civil pela UnB, em Brasília-SF (2006). É membro e fundador do Instituto de Pesquisa Direitos e Movimentos Sociais- IPDMS. Foi Consultor da UNESCO para o Marco Regulatório das Organizações da Sociedade Civil, junto à Secretaria de Governo da Presidência da República (2015/2016). Ainda foi assessor no Relatório da Carcinicultura da Câmara dos Deputados (2004/2005) e do relator da CPMI da Terra (2005/2006). Escreveu a coluna "Política e Meio Ambiente" do Caderno Verde/ Jornal o Estado (Fortaleza-CE/2010-2012) e, agora, escreve para a coluna "Advocacia Popular e as Lutas Sociais" do Jornal Estado de Direito (Porto Alegre-RS).

Paulo Gilberto Cogo Leivas, UniRitter

É graduado em Ciências Jurídicas e Sociais pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (1993), Mestre em Direito pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (2002) e Doutor em Direito pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (2009). É Professor do Curso de Mestrado em Direitos Humanos da UNIRITTER/Porto Alegre, onde leciona a disciplina de Teoria dos Direitos HUmanos. É Professor de Ética e Direito da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA), onde leciona disciplina de Direitos Humanos e Saúde, Bioética e Direito Sanitário.. É membro do Ministério Público Federal, em que exerce o cargo de Procurador Regional da República, com atuação na 4ª Região.´Desenvolve pesquisas sobre direitos humanos, direitos fundamentais, direitos fundamentais sociais, direito à saúde e direitos sexuais. É autor do livro "Teoria dos Direitos Fundamentais Sociais", publicado pela Livraria do Advogado, entre outras publicações. É coordenador do Núcleo de Apoio Operacional (NAOP) da 4ª Região da Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão (PFDC) e membro do Grupo de Trabalho Educação Indígena.

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