VIOLÊNCIA OBSTÉTRICA: UMA ANÁLISE SOB O PRISMA DA AUTONOMIA, BENEFICÊNCIA E DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA

Conteúdo do artigo principal

Delmo Mattos da Silva
Maiane Cibele de Mesquita Serra

Resumo

A violência obstétrica corresponde a uma forma específica de violência institucional e de gênero e implica em violação de direitos humanos, caracterizada pela imposição de intervenções danosas à integridade física e psicológica das parturientes, perpetrada pelos profissionais de saúde, bem como pelas instituições (públicas e privadas) nas quais tais mulheres são atendidas. O presente estudo tem por objetivo problematizar tal questão a partir da discussão dos princípios bioéticos da autonomia e beneficência, apresentando ainda o princípio da dignidade da pessoa humana como norteador para solução de conflitos entre ambos os princípios. 

Downloads

Não há dados estatísticos.

Detalhes do artigo

Como Citar
DA SILVA, Delmo Mattos; SERRA, Maiane Cibele de Mesquita. VIOLÊNCIA OBSTÉTRICA: UMA ANÁLISE SOB O PRISMA DA AUTONOMIA, BENEFICÊNCIA E DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA. Revista Brasileira de Direitos e Garantias Fundamentais, Florianopolis, Brasil, v. 3, n. 2, p. 42–65, 2017. DOI: 10.26668/IndexLawJournals/2526-0111/2017.v3i2.2586. Disponível em: https://indexlaw.org/index.php/garantiasfundamentais/article/view/2586. Acesso em: 22 dez. 2024.
Seção
Artigos
Biografia do Autor

Delmo Mattos da Silva, Programa de Pós-Graduação em Direito e Instituições do Sistema de Justiça da Universidade Federal do Maranhão - PPGDIR/UFMA

Doutor em Filosofia pela UFRJ. Professor permanente do Programa de Pós-graduação em Meio Ambiente da UniCEUMA. Professor colaborador do Programa de Pós-graduação em Direito e Instituições do Sistema de Justiça da Universidade Federal do Maranhão. Pesquisa FAPEMA e CNPq.

Maiane Cibele de Mesquita Serra, Programa de Pós-Graduação em Direito e Instituições do Sistema de Justiça da Universidade Federal do Maranhão - PPGDIR/UFMA

Mestre em Direito e Instituições do Sistema de Justiça, do Programa de Pós-Graduação em Direito da Universidade Federal do Maranhão (PPGDIR/UFMA). Advogada pela OAB/MA.

Referências

AGUIAR, Janaína Marques de. Violência institucional em maternidades públicas: hostilidade ao invés de acolhimento como uma questão de gênero. Disponível em: <http://www.apublica.org/wp-content/uploads/2013/03/JanainaMAguiar.pdf>. Acesso em: 02 nov. 2015.

ARGENTINA. Lei nº 26.485. Ley de protección integral para prevenir, sancionar y erradicar la violencia contra las mujeres en los ámbitos en que desarrollen sus relaciones interpersonales. Abril, 2009. Disponível em:< http://www.cnm.gov.ar/

LegNacional/Ley_26485_decreto_1011.pdf> Acesso em: 16 mar. 2015.

AMORIM, Melania Maria Ramos de; KATZ, Leila. O papel da episiotomia na obstetrícia moderna. Femina, Rio de Janeiro, vol. 36, nº 1, jan. 2008, p. 47-54.

BARROSO, Luís Roberto. A Dignidade da Pessoa Humana no Direito Constitucional Contemporâneo: Natureza Jurídica, Conteúdos Mínimos e Critérios de Aplicação. Versão provisória para debate público. Mimeografado, dezembro de 2010. Disponível em: < http://www.luisrobertobarroso.com.br/wp- content/uploads/ 2010/12/Dignidade_texto-base_11dez2010.pdf>. Acesso em: 18 jul. 2016.

BEUACHAMP, Tom L; CHILDRESS, James F.. Princípios de ética biomédica. 4. ed. São Paulo: Loyola, 2002.

BRASIL. Constituição Federal. Vade Mecum Compacto. São Paulo: Saraiva, 2016.

______. Organização Mundial de Saúde. Prevenção e eliminação de abusos, desrespeito e maus-tratos durante o parto em instituições de saúde. 2014. Disponível em: <http://apps.who.int/iris/bitstream/10665/134588/3/WHO_RHR_14.23

_por.pdf>. Acesso em: 04 nov. 2015.

______. Secretaria de Políticas de Saúde. Violência intrafamiliar: orientações para prática em serviço / Secretaria de Políticas de Saúde. – Brasília: Ministério da Saúde, 2001.

BOWSER, Diana; HILL, Kathleen. Exploring evidence for disrespect and abuse in facility-based childbirth: report of a landscape analysis. Bethesda, Maryland: USAID-TRAction Project; 2010.

CIELLO, Cariny et al. Parto do princípio. Mulheres em Rede pela Maternidade Ativa. Dossiê da Violência Obstétrica "Parirás com dor". Disponível em: <https://www.senado.gov.br/comissoes/documentos/SSCEPI/DOC%20VCM%20367.pdf>. Acesso em: 10 dez. 2015.

DINIZ, Carmen Simone Grilo. Entre a técnica e os direitos humanos: possibilidades e limites da humanização da assistência ao parto. Tese (doutorado) – Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Departamento de Medicina Preventiva. São Paulo, 2001.

DINIZ, Carmen Simone Grilo et al. Abuse and disrespect in childbirth care as a public health issue in Brazil: origins, definitions, impacts on maternal health, and proposals for its prevention. Journal of Human Growth and Development. 2015. 25(3): 377-384. DOI: http://dx.doi.org/10.7322/jhgd.106080

DINIZ, Débora; GUILHEM, Dirce. O que é Bioética. São Paulo: Brasiliense, 2012.

DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil Brasileiro: Responsabilidade Civil. 17 ed. São Paulo: Saraiva, 2003.

D’OLIVEIRA, Ana Flávia Pires Lucas; DINIZ, Simone Grilo; SCHRAIBER, Lilia Blima. Violence against women in health-care institutions: an emerging problem. The Lancet, Vol 359, May 11, 2002. Disponível em:<http://www.thelancet.com/pdfs/journals/lancet/PIIS0140-6736(02)08592-6.pdf>. Acesso em: 02 nov. 2016.

COSTA, Judith Martins. Bioética e dignidade da pessoa humana: rumo à construção do Biodireito. Revista da Faculdade de Direito da UFRGS, v. 18, 2000.

FERREIRA, Jussara Suzi Assis Borges Nasser. Bioética e biodireito. Scientia luris, Revista do Curso de Mestrado em Direito Negocial, da Universidade Estadual de Londrina, Londrina (PR): (213): 49, 1998/1999.

FONEITE, Josmery; FEO, Alejandra; MERLO, Judith Toro. Grado de conocimiento de violencia obstétrica por el personal de salud. Revista de Obstetricia y Ginecología de Venezuela. v. 72, n.1, Caracas: março, 2012. Disponível em: . Acesso em: 02 nov. 2015.

KONDO, Cristiane Yukiko et al. Episiotomia “é só um cortezinho”: violência obstétrica é violência contra a mulher: mulheres em luta pela abolição da violência obstétrica. 1 ed. São Paulo: Parto do Princípio; Espírito Santo: Fórum de Mulheres do Espírito Santo, 2014a. Disponível em: <http://www.sentidosdonascer.org/wordpress/wp-content/themes/sentidos-do-nascer/assets/pdf/controversias/Episiotomia.pdf>. Acesso em: 15 nov. 2016.

______ et al. Violência obstétrica é violência contra a mulher: mulheres em luta pela abolição da violência obstétrica 1 ed. São Paulo: Parto do princípio; Espírito Santo: Fórum de Mulheres do Espírito Santo, 2014b. Disponível em: <http://www.sentidosdonascer.org/wordpress/wp-content/themes/sentidos-do-nascer/assets/pdf/controversias/Violencia-obstetrica-e-violencia-contra-a-mulher.pdf>. Acesso em: 15 nov. 2016.

LEPARGNEUR, Hubert. Força e fraqueza dos princípios da bioética. Bioética – v.4, nº2, Brasília, Conselho Federal de Medicina, 1996.

LOCH, Jussara de Azambuja. Princípios da Bioética. In: KIPPER, Délio José. Uma Introdução à Bioética. Temas de Pediatria Nestlé, n.73, 2002. p. 12-19

MARIANI, Adriana Cristina; NASCIMENTO NETO, José Osório. Violência obstétrica como violência de gênero e violência institucionalizada: breves considerações a partir dos direitos humanos e do respeito às mulheres. Cad. Esc. Dir. Rel. Int. (UNIBRASIL), Curitiba-PR, vol. 2, nº 25, jul/dez 2016, p. 48-60. Disponível em: < http://revistas.unibrasil.com.br/cadernosdireito/index.php/direito/

article/viewFile/865/822>. Acesso em: 29 nov. 2016.

MATTOS, Delmo; RAMOS, Edith; VELOSO, Roberto. Entre a autonomia da vontade kantiana e o princípio da autonomia de Beauchamp e Childress: uma discussão acerca da autonomia e da dignidade humana na Bioética e no Direito. Perspectiva Filosófica, Vol. 42, nº 1, 2015, ISSN: 23579986.

ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE (OMS). Tecnologia apropriada para partos e nascimentos. Recomendações da Organização Mundial 1996.de Saúde. Maternidade Segura. Assistência ao parto normal: um guia prático. Genebra: 1996.

PAES, Fabiana Dal'Mas Rocha. Estado tem o dever de prevenir e punir a violência obstétrica. 2015. Disponível em: <http://www.conjur.com.br/2015-dez-07/mp-debate-estado-dever-dever-prevenir-punir-violencia-obstetrica>. Acesso em: 10 dez. 2015.

PREVIATTI, Jaqueline Fátima; SOUZA, Kleyde Ventura de. Episiotomia: em foco a visão das mulheres. Revista Brasileira de Enfermagem, Brasília, v. 60, n. 2, p. 197-201, mar./abr. 2007. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/reben/v60n2/a12v60n2.pdf>. Acesso em: 10 dez. 2015.

SÃO PAULO. Defensoria Pública do Estado de São Paulo. Violência obstétrica: você sabe o que é?. Escola da Defensoria Pública do Estado: São Paulo, 2013. Disponível em: <http://www.defensoria.sp.gov.br/dpesp/repositorio/41/violencia%20

obstetrica.pdf>. Acesso em: 10 dez. 2015.

SARLET, Ingo Wolfgang. Dignidade da pessoa humana e direitos fundamentais na Constituição Federal de 1988. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2001.

SARLET, Ingo Wolfgang; MARINONI, Luiz Guilherme; MITIDIERO, Daniel. Direitos Fundamentais em espécie. In: Curso de Direitos Constitucional. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2012. p. 609-611.

SANTOS, Jaqueline de Oliveira; SHIMO, Antonieta Keiko Kakuda. Prática rotineira da episiotomia refletindo a desigualdade de poder entre profissionais de saúde e mulheres. Esc Anna Nery Rev Enferm 2008 dez; 12 (4): 645-50.

SCHRAIBER, Lilia Blima. O médico e suas interações: a crise dos vínculos de confiança. São Paulo: Hucitec, 2008.

______. No encontro da técnica com a ética: o exercício de julgar e decidir no cotidiano do trabalho em medicina. Interface – Comunic., Saude, Educ., v.1, n.1, p.123-40, 1997.

SILVA, Artenira da Silva e. Personalidades REconstruídas em aula de aula: um olhar psicológico sobre o ensino médico. 1. ed. São Luís: SENAC, 2005. v. 1. 126p

SOUZA, Karina Junqueira de. Violência institucional na atenção obstétrica: proposta de

modelo preditivo para depressão pós-parto. 2014. 106 f. Dissertação (Mestrado em Saúde Coletiva) – Pós-Graduação em Saúde Coletiva, Universidade de Brasília, Brasília, 2014.

UGARTE, Odile Nogueira; ACIOLY, Marcus André. O princípio da autonomia no Brasil: discutir é preciso... Rev. Col. Bras. Cir. 2014; 41(5): 274-277. DOI: 10.1590/0100-69912014005013.

VENEZUELA. Ley Orgánica sobre el derecho de las mujeres a una vida libre de violência. Março, 2007. Disponível em: < http://venezuela.unfpa.org/sites/lac.unfpa.

org/files/pub-pdf/Ley_mujer%20(1)_0.pdf>. Acesso em: 16 mar. 2016.

VENTURI G; GODINHO T. Mulheres brasileiras e gênero nos espaços público e privado. São Paulo: Sesc/Fundação Perseu Abramo; 2010. Disponível em: < http://www.apublica.org/wp-content/uploads/2013/03/www.fpa_.org_.br_sites_default_files_pesquisaintegra.pdf>. Acesso em: 02 nov. 2015.

ZANETTI, Miriam Raquel Diniz et al. Episiotomia: revendo conceitos. Femina, Rio de Janeiro, v. 37, n. 7, p. 367-371, jul. 2009. Disponível em:

<http://www.febrasgo.org.br/site/wp-content/uploads/2013/05/feminav37n7p367-71.pdf>. Acesso em: 16 mar. 2015

WANSSA, Maria do Carmo Demasi. Autonomia versus beneficência. Rev. Bioét (Impr.) 2011; 19(1): 105-17.

WOLFF, Leila Regina; WALDOW, Vera Regina. Violência consentida: mulheres em trabalho de parto e parto. Saúde Soc. São Paulo, v.17, n.3, p.138-151, 2008.