A PARADOXAL TRANSIÇÃO DO MEDIEVO AO MODERNO: UMA ANÁLISE ESTRUTURANTE DA RAZÃO DE ESTADO

Contenido principal del artículo

IGOR MOURA RODRIGUES TEIXEIRA
http://orcid.org/0000-0003-3192-7266
Gustavo César Machado Cabral
http://orcid.org/0000-0001-8565-1328

Resumen

O objeto do presente trabalho é a análise do processo de formação da concepção moderna de Estado, a respeito dos elementos estruturantes concebidos na Idade Média e que disciplinaram a formação das instituições políticas modernas. Apreciam-se os elementos endógenos e exógenos, isto é, os movimentos de institucionalização das formas de organização do poder político, no período entre os séculos XV e XVIII. O objetivo do presente trabalho é estabelecer uma compreensão dos fatores políticos e jurídicos que constituíram o imaginário social da época e a resposta institucional das elites na reconfiguração das instituições para o exercício do poder. Desenvolve-se uma reflexão a partir da historiografia crítica do direito, no desenvolvimento de uma ponderação sobre as mudanças socioculturais observadas nas sociedades europeias, estruturantes das instituições correspondentes. A pesquisa diagnostica a relação entre o processo paradoxal de secularização, o processo de concentração e centralização do poder político, como determinante para absorção do conceito de soberania, e a separação entre Estado e sociedade como gênese das estruturas jurídicas e institucionais características da sociedade oitocentista. Conclui-se que na medida em que a ideologia liberal se constituía como fundamental na formação do imaginário social, ela também assume caráter fundante na reconfiguração dos espaços de poder. Em face desse processo, ocorre a superação das estruturas de poder tradicionalmente estabelecidas pelo medievo, disciplinando uma nova compreensão sobre o conceito e papel do Estado, que tem na estruturação da ordem constitucional seu novo critério legitimador.

Descargas

Los datos de descargas todavía no están disponibles.

Detalles del artículo

Cómo citar
TEIXEIRA, IGOR MOURA RODRIGUES; CABRAL, Gustavo César Machado. A PARADOXAL TRANSIÇÃO DO MEDIEVO AO MODERNO: UMA ANÁLISE ESTRUTURANTE DA RAZÃO DE ESTADO. Revista Brasileira de História do Direito, Florianopolis, Brasil, v. 9, n. 2, 2024. DOI: 10.26668/IndexLawJournals/2526-009X/2023.v9i2.10133. Disponível em: https://indexlaw.org/index.php/historiadireito/article/view/10133. Acesso em: 22 nov. 2024.
Sección
Artigos
Biografía del autor/a

IGOR MOURA RODRIGUES TEIXEIRA, UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ - UFC - ESTUDANTE DO DOUTORADO EM DIREITO-PPGD/UFC

Doutorando e Mestre em Direito pelo Programa de Pós-graduação em Direito da Universidade Federal do Ceará (UFC). Pós-Graduado em Direito Constitucional. Bacharel em Direito pela Universidade de Fortaleza (UNIFOR). Advogado. Professor do Centro Universitário Christus - UNICHRISTUS, Faculdade Christus Eusébio, Centro Universitário Fanor - UNIFANOR/WYDEN e do Centro Universitário Estácio do Ceará. Pesquisador nas áreas de Direito Constitucional e Ciência Política, com foco em Teoria da Democracia e Representação Política. Bolsista do Programa de Produtividade e Pesquisa do Centro Universitário Fanor - UNIFANOR/WYDEN.

Gustavo César Machado Cabral, UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ - PROFESSOR ADJUNTO DA FACULDADE DE DIREITO (Departamento de Direito Público)

Professor Adjunto da Faculdade de Direito da Universidade Federal do Ceará (UFC), atuando na Graduação e na Pós-Graduação (Mestrado e Doutorado). Diretor da Faculdade de Direito da UFC, com mandato de 2023 a 2027. Doutor (com louvor) em História do Direito pela Universidade de São Paulo (USP). Pós-Doutorado pelo Max-Planck-Institut für europäische Rechtsgeschichte (Alemanha). Bolsista de Produtividade em Pesquisa 2 do CNPQ.

Citas

AGUIRRE, Germán Rodrigo. La politicidad de lo doméstico y los confines históricos de la estatalidad. Otto Brunner y su aporte histórico-conceptual. In: Anacronismo e Irrupción. Vol. 10, N. 19. (Noviembre 2020 – Abril 2021), p. 12-41. Disponível em: <https://dialnet.unirioja.es/descarga/articulo/7681984.pdf>. Acesso em: 10 set 2023.

ALBUQUERQUE, Adriana Reis de; CABRAL, Gustavo César Machado. A legitimação da autoridade secular e a teorização do “Direito de Resistência” na filosofia da Reforma Protestante. In: Rev. Direito Práx., Rio de Janeiro, Vol. 11, N. 01, 2020, p. 17-45.

BERGERON, Louis; FURET, François; KOSELLECK, Reinhart. La época de las revoluciones europeas, 1780-1848. (Historia Universal; Siglo XXI) Vol. 26. 11. ed.. Madrid: Siglo Veintiuno, 1976.

BOCKENFORDE, Ernst-Wolfgang. Die verfassungstheoretische Unterscheidung von Staat und Gesellschaft als Bedingung der individuellen Freiheit. Dusseldorf: Westdeutscher Verlag; Opladen, 1972.

________. Constitutional and Political Theory: Selected Writings (volume 1). Edição: Mirjam Künkler; Tine Stein. Oxford: University Press, 2017.

________. Einleitung. p. XI-XVI. In: BOCKENFORDE, Ernst-Wolfgang. In: Staat und Gesellschaft. Darmstadt: Wissenschaftliche Buchgesellschat, 1976.

BRUNNER, Otto. Land and Lordship. Structures of Governance in Medieval Austria. Pennsylvania: University of Pennsylvania Press, 1992.

CABRAL, Gustavo César Machado. Ius Commune: uma introdução à história do direito comum do medievo à idade moderna. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2019.

CLAVERO, Bartolomé - Tantas personas como estados: Por una antropología política de la historia europea. Madrid: Fundação Cultural Enrique Luño Peña, 1986.

VAN CLEVELAND, Martin. Ascensão e declínio do Estado. Tradução: Jussara Simões. São Paulo: Martins Fontes, 2004.

GARRIGA, Carlos. Órden jurídico y poder político en el Antígui Régimen. In: GARRIGA, Carlos; LORENTE, Marta. Cádiz, 1812. La Constitución jurisdicional. Mafrid: Centro de estudios políticos y constitucionales, 2007, p. 43-72.

________. ¿Qué era la Constitución de Cádiz? In: BREÑA, Roberto. Cádiz a debate: actualidad, contexto y legado. México D.F.: El Colegio de México Centro de Estudios Internacionales, 2014, p. 153-174.

GENÊT, Jean-Philippe. La genèse de l'État moderne. In: Actes de la recherche en sciences sociales. Vol. 118, juin 1997. Genèse de l’État moderne. pp. 3-18.

HESPANHA, António Manuel. As vésperas do Leviathan: Instituições e poder politico Portugal Séc. XVI. Rio de Mouro: Pedro Ferreira Artes Gráficas, 1986.

________. História das Instituições: épocas medieval e moderna. Coimbra: Almedina, 1982.

________. Poder e Instituições na Europa do Antigo Regime. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1984.

KOSELLECK, Reinhart. Critica illuminista e crisi della società borghese. Tradução: G. Panzieri. Bolonha: Il Mulino, 1984.

________. Crítica e crise: uma contribuição à patogênese do mundo burguês. Tradução: Kuciana Villas-Boas Castelo Branco. Rio de Janeiro: Contraponto, 1999.

MACPHERSON, C. B.. La teoría política del individualismo posesivo: De Hobbes a Locke. Traducción: Juan-Rámon Capella. Madrid: Trotta editorial, 2005.

MENEZES JUNIOR, Edilson Alves de. L’état n’est ce pas moi: da crítica ao conceito de monarquia feudal a tese do estado feudal (1180-1226). In: XIII Encontro Internacional de Estudos Medievais da ABREM: Sobre Margens, Diversidades e Ensino. (ISSN 2526-8465). Salvador: UFBA, 2019, p. 241-261. Disponível em: <http://www.abrem.org.br/revistas/anais/13/524-1806-1-PB.pdf>. Acesso em: 13 ago 2023.

POULANTZAS, Nicos. O Estado, o poder, o socialismo. Tradução: Rita Lima. 2. ed.. Rio de Janeiro: edições Graal, 1985.

ROSENBLATT, Helena. A história perdida do liberalismo: da Roma antiga ao século XXI. Tradução: Isis Rezende. Rio de Janeiro: Alta Books, 2022.

SKINNER, Quentin. As fundações do pensamento político moderno. Revisão técnica: Renato Janine Ribeiro. Tradução: Renato Janine Riberio (capítulo 1 a 11); Laura Teixeira Moita (capítulo 12 e ss.). São Paulo Companhia da Letras, 1996.

STOLLEIS, Michael. Escrever História do Direito: reconstrução, narrativa ou ficção? Tradução: Gustavo C. M. Cabral. São Paulo: Contracorrente, 2020.

VITULLO, Gabriel. Representação política e democracia representativa são expressões inseparáveis? Elementos para uma teoria democrática pós-representativa e pós-liberal. In: Revista Brasileira de Ciência Política. n. 2. Brazília, julho-dezembro, 2009, p. 271-301.

WEBER, Max. Economia e sociedade: fundamentos da sociologia compreensiva. Vol. 2. Tradução: Regis Barbosa; Karen Elsabe Barbosa. Revisão técnica: Gabriel Cohn. Brasília: Editora Universidade de Brasília; São Paulo: Impressa Oficial do Estado de São Paulo, 1999.