O MODELO DE DESJUDICIALIZAÇÃO COLABORATIVA DA EXECUÇÃO CIVIL PORTUGUESA: UMA ABORDAGEM A PARTIR DOS SEUS PROCEDIMENTOS E SUA APLICABILIDADE AO BRASIL

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Roberto Correia da Silva Gomes Caldas
Alexandre Augusto Fernandes Meira

Resumo

Este trabalho tem por objetivo analisar as relativamente recentes reformas do processo executivo português, de modo a se extrair seu modelo de desjudicialização colaborativa tal qual consubstanciado pelas reformas legislativas de 2003 e 2008, bem como pelo Código de Processo Civil de 2013, à luz das experiências de outros Estados europeus, caracterizando uma hodierna quebra de monopólio quanto às atividades judiciárias até então conduzidas por parte do Estado-juiz. Dada esta circunstância, a abordagem empreendida foca no papel que passa a ser desempenhado pelo agente de execução, em uma necessária quadrilarização (e não mais uma triangularização) da relação jurídica para a deflagração do novel processo de excussão lusitano, o que, no estudo em questão, é tomado como objeto de análise comparativa com a realidade pátria, de modo a se poder adotar de lege ferenda, ainda que em parte, algumas das medidas lá adotadas para se galgar, aqui, maiores celeridade, eficiência e efetividade processuais e procedimentais para a satisfação dos créditos em pretensão judicialmente deduzida. Assim, este trabalho dá notícias, ao final, da pioneira experiência desjudicializante pátria, fomentada por incentivo do CNJ - Conselho Nacional de Justiça no âmbito da Justiça do Trabalho em seu respectivo processo de execução para satisfação dos crédito laborais, concluindo-se, na sequência, pela possibilidade de que certas atividades colaborativas de excussão atribuídas ao agente de execução portugueses possam ser também transferidas ao oficial de justiça brasileiro.

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Como Citar
CORREIA DA SILVA GOMES CALDAS, Roberto; FERNANDES MEIRA, Alexandre Augusto. O MODELO DE DESJUDICIALIZAÇÃO COLABORATIVA DA EXECUÇÃO CIVIL PORTUGUESA: UMA ABORDAGEM A PARTIR DOS SEUS PROCEDIMENTOS E SUA APLICABILIDADE AO BRASIL. Revista de Direito Brasileira, Florianopolis, Brasil, v. 25, n. 10, p. 345–365, 2020. DOI: 10.26668/IndexLawJournals/2358-1352/2020.v25i10.5342. Disponível em: https://indexlaw.org/index.php/rdb/article/view/5342. Acesso em: 19 nov. 2024.
Seção
PARTE GERAL
Biografia do Autor

Roberto Correia da Silva Gomes Caldas, PUC/SP e FMU

Mestre e Doutor em Direito do Estado pela PUC/SP - Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Professor em Direito da PUC/SP - Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Professor permanente do Curso de Mestrado do PPGD da FMU e de Maestría en Derecho de las RRII y de la Integración en América Latina de la UDE - Universidad de la Empresa – Montevidéu/Uruguai. External Researcher da Cátedra Jean Monnet em Direito da UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais. Coordenador da Rede de Pesquisa “Integração, Estado e Governança”. Advogado no Brasil e em Portugal.

Alexandre Augusto Fernandes Meira, UNINOVE

Mestre em Direito e Doutorando em Educação pela UNINOVE - Universidade Nove de Julho. Especialista em Direito Público, Direito Administrativo (2015) e Direito Constitucional (2016), pela UNIFIA/SP - Centro Universitário Amparense. Bacharel em Direito pela Universidade Presbiteriana Mackenzie (2003) e em Administração de Empresas pela Fundação Armando Alvares Penteado - FAAP (1994). Bolsista pesquisador CAPES.

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