KAFKA DENUNCIA A LEI: A pessoalidade do Soberano e sua falsa infinitude

Ayrton Borges Machado

Resumo


O presente trabalho busca apresentar um avanço na interpretação da relação entre lei e indivíduos, de modo desmistificar algumas pressuposições e, principalmente, evidenciar qual é o real papel do soberano nessa relação. Primeiro, apresenta-se a teoria de Carl Schmitt e como ela denuncia que o formalismo jurídico conduz a uma supressão do soberano como figura importante. Em seguida, explica-se como Hobbes tinha plena consciência da relevância do Soberano, ao ponto de explicar melhor o poder por meio da identificação das causas da infinitude, que tem sua fonte na infinitude de desejos. A última parte do artigo se volta em demonstrar a fraqueza da aparente infinitude de poder comumente atribuído à soberania, por meio de Agamben e Kafka, e como a lei desempenha importante papel de manipulação retórica e justificação de sujeição ao Soberano. O artigo é um esforço em avançar na compreensão de como o Soberano opera na mediação lei e indivíduo, e como, por vezes, a lei pode ser usada como instrumento para voltar-se contra os sujeitos e justificar sua sujeição e precariedade em face do Soberano.


Palavras-chave


Kafka; Soberano; lei; manipulação retórica; infinitude

Texto completo:

PDF

Referências


AGAMBEN, Giorgio. LÓGICA DA SOBERANIA. In: Homo Sacer: o poder soberano e a vida nua I. Trad. Henrique Burigo. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2002. p. 23-79.

________. HOMO SACER. In: Homo Sacer: o poder soberano e a vida nua I. Trad. Henrique Burigo. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2002. p. 79-125.

________. Estado de Exceção. Tradução de Iraci D. Poleti. São Paulo: Boitempo, 2004.

FRATESCHI, Yara. A física da política: Hobbes contra Aristóteles. Campinas: Ed. Unicamp, Martins Fontes, 1999.

GOYARD-FABRE, Simone. O princípio de autoridade no Estado-Leviatã de Hobbes. Os princípios filosóficos do direito político moderno. São Paulo: Martins Fontes, 1999. pp. 71-95

HOBBES, Thomas. Leviatã. (Coleção Os Pensadores). Tradução de João Paulo Monteiro e Maria Beatriz Nizza da Silva. São Paulo: Editora Abril, 1974.

_______. Elementos de lei natural e política. Trad. Bruno Simões. São Paulo: WMF Martins Fontes, 2010.

_______. Do cidadão. Trad. Renato Janine Ribeiro. São Paulo: Martins Fontes. 1992.

KAFKA, Franz. O processo. Trad. Torrieri Guimarães. 5º Ed. São Paulo: Martin Claret, 2011.

PLATÃO. O Político. Tradução de Carlos Alberto Nunes. Belém: Edufpa. 1980. p. 105-181.

STRAUSS, Leo. Hobbes. In: Direito natural e história. São Paulo: Martins Fontes. 2014, p. 201-244

_______. A filosofia política de Hobbes: suas bases e sua gênese. Trad. Élcio de Gusmão Viçosa Filho. 1 Ed. São Paulo: É Realizações. 2016.

TUCK, Richard. Hobbes (coleção mestres do pensar). São Paulo: Loyola. 2001.

SCHMITT, Carl. El Leviathan en La Teoria Del Estado de Tomás Hobbes. Trad. Javier Conde. Argentina: Editorial Struhart & Cia. 1990.

________. Political Theology. Trad. George Schwab. Chicago: University of Chicago Press, 1996.

________. O Conceito do Político. Trad. Geraldo de Carvalho. Luiz Moreira (Coord). Belo Horizonte: Del Rey. 2008, p. 1-143.




DOI: http://dx.doi.org/10.26668/IndexLawJournals/2525-9911/2023.v9i1.9726

Apontamentos

  • Não há apontamentos.


Licença Creative Commons
Este obra está licenciado com uma Licença Creative Commons Atribuição-NãoComercial 4.0 Internacional.