DO DIREITO À SAÚDE REPRODUTIVA FEMININA AO PODER BIOPATRIARCALISTA DE GESTÃO DAS VIDAS HUMANAS: O CONTROLE DOS CORPOS DAS MULHERES MIGRANTES

Joice Graciele Neilsson, Janaína Machado Sturza, Maiquel Ângelo Dezordi Wermuth

Resumo


A intercessão entre migração e desigualdades de gênero produz formas distintas de violência e vulnerabilidade, que impactam no acesso a direitos e a políticas de saúde, especialmente sexual e reprodutiva. Este artigo tem por objetivo tratar sobre o tema do direito à saúde reprodutiva das mulheres migrantes, a partir de uma interlocução com o biopatriarcalismo de gestão das vidas humanas e controle dos corpos. Através de um estudo bibliográfico, tendo como método de abordagem o hipotético dedutivo, verificou-se a urgência do desvelamento deste processo de precarização permanente que recai sobre as vidas femininas.


Palavras-chave


Biopatriarcalismo; direitos reprodutivos; direito à saúde; mulheres migrantes

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DOI: http://dx.doi.org/10.26668/IndexLawJournals/2525-9695/2020.v6i1.6629

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