Os Corpos Refeitos: A Intersexualidade, a Prática Médica e o Direito À Saúde

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Ana Carolina Gondim de Albuquerque Oliveira

Resumen

Historicamente o corpo está condicionado a regras que cunho heteronormativo e binário. A existência intersexual transgride as normas binárias e por isso, as pessoas intersexuais são relegadas a invisibilidade e reduzidas a condição de anormais que necessitam ter seus corpos refeitos através de intervenções médicas denominadas cirurgias de normalização do sexo. O presente artigo tem por objetivo discutir como a prática médica atua sobre os corpos intersexuais a partir das cirurgias de normalização do sexo, e, se estas violam o direito à saúde das pessoas com anomalia no desenvolvimento sexual, partindo da premissa que o direito à saúde é direito humano protegido pelo direito interno e internacional. Metodologicamente, o manuscrito é uma revisão bibliográfica e para construção da pesquisa e a compreensão das categorias como corpo, gênero, sexo, invisibilidade social e intersexualidade foi utilizado o método pós-estruturalista de matriz foucaultinana. Como resultado observou-se que as cirurgias de normalização do sexo se constituem com um dos instrumentos mais eficazes para a invisibilidade social dos intersexuais, além de se constituir, também, como meio de violação do direito à saúde dessas pessoas.

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Cómo citar
OLIVEIRA, Ana Carolina Gondim de Albuquerque. Os Corpos Refeitos: A Intersexualidade, a Prática Médica e o Direito À Saúde. Revista de Biodireito e Direito dos Animais, Florianopolis, Brasil, v. 1, n. 1, p. 78–102, 2015. DOI: 10.26668/IndexLawJournals/2525-9695/2015.v1i1.19. Disponível em: https://indexlaw.org/index.php/revistarbda/article/view/19. Acesso em: 19 ene. 2025.
Sección
Artigos
Biografía del autor/a

Ana Carolina Gondim de Albuquerque Oliveira, Faculdade de Ensino Superior da Paraíba, FESP

Mestre em Ciências Jurídicas pela Universidade Federal da Paraíba, UFPB. Professora da Faculdade de Ensino Superior da Paraíba, FESP.

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