Justiça Restaurativa: Um Modelo Democrático de Reforma Institucional?

Conteúdo do artigo principal

Juliana Kobata Chinen

Resumo

Este artigo se propõe a refletir acerca da justiça restaurativa como um paradigma possível de reforma institucional no contexto brasileiro, diante dos inúmeros problemas estruturais existentes no sistema prisional. Inicialmente, será apresentado um diagnóstico da situação atual  do  sistema  carcerário  brasileiro  e  de  impactos  sofridos  pelos  indivíduos  em cumprimento  de  pena  privativa  de  liberdade.  Em  seguida,  serão  levantadas  algumas possibilidades de reformas apresentadas por estudiosos e policy makers. Por fim, será apresentada  a  justiça  restaurativa  como  alternativa  ao  modelo  de  justiça  retributiva tradicional. A partir de uma breve explicitação do seu conceito e de seus valores, o objetivo é pensar se essa nova forma de lidar com o delito pode contribuir para um sistema de justiça criminal mais participativo e democrático, apontando-se desafios à implementação desse paradigma  de  justiça  no  Brasil.  No  final  do  texto,  é  feito  um  balanço  da  discussão apresentada, concluindo-se que a adoção da justiça restaurativa como possível reforma do sistema  de  justiça  criminal  brasileiro  parece  promissora,  ainda  que  adotada  de  forma experimental e incremental e carente de estudos mais aprofundados que levem em conta as particularidades do país.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Detalhes do artigo

Como Citar
CHINEN, Juliana Kobata. Justiça Restaurativa: Um Modelo Democrático de Reforma Institucional?. Revista de Formas Consensuais de Solução de Conflitos, Florianopolis, Brasil, v. 1, n. 1, p. 130–158, 2015. DOI: 10.26668/IndexLawJournals/2525-9679/2015.v1i1.407. Disponível em: https://indexlaw.org/index.php/revistasolucoesconflitos/article/view/407. Acesso em: 24 dez. 2024.
Seção
Artigos
Biografia do Autor

Juliana Kobata Chinen, Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, TJSP, Brasil.

Mestranda em Direito e Desenvolvimento pela Fundação Getúlio Vargas - FGV, São Paulo, Brasil. Assistente Jurídico no Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, TJSP, Brasil. 

Referências

BITENCOURT, Cézar Roberto. Falência da pena de prisão. 3ª Ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2011.

BRAITHWAITE, John. Crime, shame and reintegration. Cambridge: Cambridge University Press, 1989.

. Setting Standards for Restorative Justice. British Journal of Criminology. 42. pp.563-577, 2002.

. Principles of restorative justice. In: A. von Hirsch, J.V. Roberts, A.E. Bottoms, K. Roach and M. Schiff (eds.), Restorative Justice and Criminal Justice: Competing or

Reconcilable Paradigms?, Hart Publishing, Oxford, pp.1-20, 2003.

BRASIL. MINISTÉRIO DA JUSTIÇA. Justiça restaurativa. Brasília: Ministério da Justiça: Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, 2005.

CALDEIRA, Teresa P. do Rio. Cidade de Muros: Crime, Segregação e Cidadania em São Paulo. São Paulo: Editora 34/Edusp, 2000.

FERREIRA, Francisco Amado. Justiça restaurativa: natureza, finalidades e instrumentos. Coimbra: Coimbra Editora, 2006.

GHIRINGELLI DE AZEVEDO, Rodrigo. “Criminalidade e justiça penal na América Latina”.Sociologias, Porto Alegre, ano 7, nº 13, jan/jun 2005, p. 212-241.

JANTZI, Vernon. Restorative Justice in New Zealand: Current Pratice, Future Possibilities. Auckland, New Zealand: Massey University, School of Social and Cultural Studies, Centre for Justice and Peace Development, 2001. Disponível online em:

https://www.emu.edu/cjp/publications/faculty-staff/rj-in-newzealand.pdf

MARSHALL, Tony F. Restorative justice: an overview. Londres: Home Office, Information & Publications Group, 1999. Disponível online em: http://rds.homeoffice.gov.uk/rds/pdfs/occ- resjus.pdf

MAXWELL e MORRIS. Families, Victims and Culture: Youth Justice in New Zealand. Wellington, New Zealand: Social Policy Agency and Institute of Criminology, 1993.

MORRIS, Alisson. Criticando os críticos: uma breve resposta aos críticos da justiça restaurativa. In: BRASIL. MINISTÉRIO DA JUSTIÇA. Justiça restaurativa. Brasília: Ministério da Justiça: Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, 2005, pp.439-

NORTH, Douglass. Institutions, Institutional Change and Economic Performance. Cambridge: Cambridge University Press, 1990.

PAKURA, Shannon. The Family Group Conference 14 Year Journey: Celebrating the Successes, Learning the Lessons, Embracing the Challenges New Zealand: Child Youth and Family Services, 2004. Disponível online em:

http://www.americanhumane.org/assets/pdfs/children/fgdm/pc-fgdm-conf-fgc2004b.pdf

PALLAMOLLA, Raffaella da Porciuncula. Justiça restaurativa: da teoria à prática. São Paulo: IBCCRIM, 2009.

PARKINSON, John. ROCHE, Declan. “Restorative Justice: Deliberative Democracy in Action?”. Australian Journal of Political Science, V. 39, No. 3, November, p. 505-518, 2004. Publicado online em 22 Sep 2010.

PINTO, Renato Sócrates Gomes. Justiça Restaurativa é Possível no Brasil? In: BRASIL. MINISTÉRIO DA JUSTIÇA. Justiça restaurativa. Brasília: Ministério da Justiça: Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, 2005. pp.19-39.

PRADO, Mariana Mota. TREBILCOCK, Michael. HARTFORD, Patrick. “Police Reform in Violent Democracies in Latin America”, Hague Journal on the Rule of Law, Vol. 4, Issue 2, Sept 2012, pp 252-285.

PRADO, Mariana Mota. TREBILCOCK, Michael. “Path Dependence, Development, and the Dynamics of Institutional Reform”. Legal Studies Research Series, No. 09-04, University of Toronto Law Journal. 30 apr 2009.

SICA, Leonardo. Direito Penal de Emergência e Alternativas à Prisão. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2002.

. Justiça restaurativa e mediação penal: O novo modelo de justiça criminal e de gestão do crime. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2007.

SILVA SÁNCHEZ, Jesús-Maria. A expansão do direito penal. Traduzido por Luiz Otávio de Oliveira Rocha. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2002.

SANTOS, Juarez Cirino dos. Teoria da Pena: fundamentos políticos e aplicação judicial. Curitiba: ICPC/Lumen Júris, 2005.

SOUZA, Guilherme Augusto Dornelles de. (2011a) “Implicações culturais na justiça restaurativa”. Boletim Científico ESMPU, Brasília, a. 10, nº 34, jan/jul 2011, pp. 239-268.

. (2011b) “Será que acaba em samba? Reflexões sobre possíveis implicações da cultura jurídica brasileira para a implementação da justiça restaurativa no Brasil”. DILEMAS: Revista de Estudos de Conflito e Controle Social, Vol. 4, nº 3, jul/ago/set 2011, pp. 467-500.

UNGAR, Mark. “Prisons and Politics in Contemporary Latin America”. Human Rights Quarterly, 25:4, 2003.

ZEHR, Howard. Changing Lenses: A New Focus for Crime and Justice. 3ª edição, Waterloo, Ontário: Herald Press, 2005.

. Justiça Restaurativa Teoria e Prática. Trad. Tônia Van Acker. São Paulo: Palas Athena, 2012.

Pesquisas e Relatórios

Fundação Getúlio Vargas (FGV) Direito SP. Relatório ICJBrasil. 1ª e 2ª Ondas – Ano 6. 2º e

º trimestres/2014. Disponível online em:

http://bibliotecadigital.fgv.br/dspace/handle/10438/13599

IBOPE Inteligência. Relatório Final “ICS – Índice de Confiança Social 2013”.

Disponível online em: http://www.ibope.com.br/pt- br/noticias/Documents/JOB%2013_0963_ICS%20JUL%202013_Apresenta%C3%A7%C3%A3o%20final.pdf.

ILANUD/BRASIL – Instituto Latino Americano as Nações Unidas para a Prevenção do Delito e Tratamento do Delinqüente/ Brasil. Sistematização e Avaliação de Experiências em Justiça Restaurativa. Janeiro de 2006.

IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) em parceria com a Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República. “SIPS – Sistema de Indicadores de Percepção Social: Assistência Social – percepção sobre a pobreza: causas e soluções”, 21 dez 2011. Disponível online em:

http://www.ipea.gov.br/portal/images/stories/PDFs/SIPS/111221_sips_assistenciasocial.pdf

IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) e ANADEP (Associação Nacional dos Defensores Públicos). “Mapa da Defensoria Pública no Brasil”. 1ª Edição, Brasília-DF, 2013. Disponível online em: http://www.ipea.gov.br/sites/images/downloads/mapa_defensoria_publica_no_brasil_19_03.pdf

WORLD BANK. “Conflict, Security, and Development”, World Development Report 2011, Washington, 2011.

Disponível online em:

http://siteresources.worldbank.org/INTWDRS/Resources/WDR2011_Full_Text.pdf

Legislação

BRASIL. CÂMARA DOS DEPUTADOS. Projeto de lei nº 7.006/13. Propõe alterações no Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940, do Decreto-Lei nº 3.689, de 3 de outubro de 1941, e da Lei nº 9.099, de 26 de setembro de 1995, para facultar o uso de procedimentos de Justiça Restaurativa no sistema de justiça criminal, em casos de crimes e contravenções penais. Disponível online em:

http://www.camara.gov.br/proposicoesWeb/fichadetramitacao?idProposicao=323785

. CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA. Resolução nº 125, de 29 de novembro de

Dispõe sobre a Política Judiciária Nacional de tratamento adequado dos conflitos de interesses no âmbito do Poder Judiciário e dá outras providências. Disponível online em: http://www.cnj.jus.br/atos-administrativos/atos-da-presidencia/resolucoespresidencia/12243-

resolucao-no-125-de-29-de-novembro-de-2010

. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília: Senado, 1988.

. Código Penal, Código de Processo Penal, Constituição Federal e Legislação Penal e Processual Penal. Org. Luiz Flávio Gomes, 15ª Ed. São Paulo: RT.

. Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990. Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente e dá outras providências. Disponível online em:

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8069.htm

. Lei nº 9.099, de 26 de setembro de 1995. Dispõe sobre os Juizados Especiais Cíveis e Criminais e dá outras providências. Disponível online em:

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9099.htm

. Lei nº 10.741, de 1º de Outubro de 2003. Dispõe sobre o Estatuto do Idoso e dá outras providências. Disponível online em:

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2003/l10.741.htm

UNITED NATIONS. Office on Drugs and Crimes. Handbook of Restorative Justice Programmes. Criminal Justice Handbooks Series. Disponível online em:

http://www.idcb.org.br/documentos/Ebook_justice.pdf

. The Economic and Social Council. Basic Principles on the Use of Restorative Justice Programmes in Criminal Matters. Resolution nº 2002/12. Disponível online em: http://www.un.org/docs/ecosoc/documents/2002/resolutions/eres2002-12.pdf

Notícias

Consultor Jurídico. “Associação questiona norma que regulamenta Defensoria Pública no Amapá”. Poder Institucional. 28 abr 2015. Disponível online em: http://www.conjur.com.br/2015-abr-28/associacao-questiona-lei-regulamenta-defensoria- publica-amapa

GECAP-USP (Grupo de Estudos Carcerários Aplicados da Universidade de São Paulo). “Custos da prisionalização – 7 informações básicas sobre encarceramento”. Disponível online em: http://www.gecap.direitorp.usp.br/index.php/noticias/44-custos-da-prisionalizacao-7- informacoes-basicas-sobre-encarceramento