A MIGRAÇÃO DAS IDEIAS CONSTITUCIONAIS: METAMORFOSES DA RECEPÇÃO DO ATIVISMO JUDICIAL NA DOUTRINA CONSTITUCIONAL BRASILEIRA

Rogério Aparecido Fernandes de Carvalho

Resumo


O artigo tem por objetivo analisar a recepção do ativismo judicial na doutrina constitucional brasileira a partir da metodologia comparativista da migração das ideias constitucionais, contribuindo com novas reflexões sobre o fenômeno. Após esboçar algumas concepções de ativismo judicial no pensamento norte-americano com seus critérios comumente aceitos de compreensão epistêmica da categoria, são abordadas as concepções de uso corrente na doutrina constitucional brasileira e sua aclimatação em parcela da produção jurídica-acadêmica. Os resultados demonstram uma recepção metamorfoseada do fenômeno na doutrina constitucional brasileira com um duplo padrão de avaliação das práticas ativistas (o dualismo valorativo legítimo/ilegítimo).


Palavras-chave


Ativismo judicial; decisionismo; judicialização; migração de ideais constitucionais; recepção de doutrinas constitucionais

Texto completo:

PDF

Referências


ABBOUD, Georges; LUNELLI, Guilherme. Ativismo judicial e instrumentalidade do processo. Revista dos Tribunais, 2015, p. 21-47.

________________ Processo Constitucional Brasileiro. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2019.

ALEXY, Robert. Ponderação, jurisdição constitucional e representação. In: Constitucionalismo Discursivo. Tradução de Luis Afonso Heck. Porto Alegre: Do Advogado, 3ª Ed., 2011.

BARBOZA, E. M. Q., KOZICHI, K. (2016). O Judicial Review e o Ativismo Judicial da Suprema Corte Americana na Proteção de Direitos Fundamentais. Espaço Jurídico Journal of Law [EJJL], p. 733-752.

BARROSO, Luís Roberto. Judicialização, ativismo judicial e legitimidade democrática. Rio de Janeiro: Revista de Direito do Estado nº. 13, jan./mar., 2009, p. 71-91.

______________________. “A razão sem voto: o Supremo Tribunal Federal e o governo da maioria”. Brasília: Revista Brasileira de Políticas Públicas, Vol. 5, Número Especial, 2015, p. 24-50.

BAUM, Laurence. A Suprema Corte Americana: uma análise da mais notória e respeitada instituição judiciária do mundo contemporâneo. Rio de Janeiro: Forense, 1987.

BICKEL, Alexander. The Least Dangerous Branch. The Supreme Court at the Bar of Politics. New Haven and London: Yale University Press, 1986.

CAMPOS, Carlos Alexandre de Azevedo. Dimensões do Ativismo Judicial do STF. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2014.

CASTRO, Marcus Faro de. O Supremo Tribunal Federal e a Judicialização da Política. Revista Brasileira de Ciências Sociais, v. 12, n. 34. 1997.

CHOUDHRY, Sujit. Migration as a new metaphor in comparative constitutoinal law. In: CHOURDHRY, Sujit (Ed.). The Migration of Constitutional Ideas. New York: Cambridge University Press: 2006.

CROSS, Frank B., LINDQUIST, Stefanie A. The Scientific Study of Judicial Activism. Minnesota Law Review, Vol. 91: 1752, 2007, p. 1752-1784.

DIMOULIS, Dimitri, LUNARDI, Soraya. Teorias explicativas da Constituição brasileira. In: DIMOULIS, Dimitri et al. Ativismo e Autocontenção Judicial no Controle de Constitucionalidade. In: As Novas Faces do Ativismo Judicial. Marcelo Novelino, André Fellet e Daniel Giotti de Paula (Org.). Salvador: Juspodivm, 2013.

DWORKIN, Ronald. O Império do Direito. Jefferson Luis Camargo (Trad.). São Paulo: Martins Fontes: 2003.

ELY, Jonh Hart. Democracy and Distrust: A Theory of Judicial Review. Cambridge: Harvard University Press, 1980.

FRIEDMAN, Barry. The Birth of an Academic Obsession: The History of the Countermajoritarian Difficulty, Part Five. Yale Law Journal, Volume 112, 2002, p. 153-259.

GREEN, Craig. An Intellectual History of Judicial Activism. Emory Law Journal, Legal Studies Research Paper Series, Vol. 58, 2009, p. 1199-1200.

HIRSCHL, Ran. Towards Juristocracy: The Origins and Consequences of the New Constitutionalism. Harvard University Press, 2007.

KMIEC, Keenan D. The Origin and Current Meanings of “Judicial Activism”. Califórnia Law Review, Vol. 92: 1441, 2004, p. 1441-1477.

KOERNER, Andrei. O Ativismo Judicial como Problema Intelectual e Político nos Estados Unidos: uma análise crítica. Revista Lua Nova, São Paulo, 2016, p. 239-241.

KRAMER, Larry. The People Themselves: Popular Constitutionalism and Judicial Review. New Jersey: Oxford University Press, 2004.

LEGRAND, Pierre. A Impossibilidade de Transplantes Jurídicos. Tradução de Gustavo Castagna Machado. Cadernos do Programa de Pós-Graduação em Direito da UFRGS, Vol. 9, n. 01, 2014, p. 11-39.

MARSHALL, William. Conservatives and the Seven Sins of Judicial Activism. University of Colorado Law Review, Vol. 73, 2002, p. 101-139.

MEDINA. Diego E. López. La Cartografía de la Teoría Jurídica: Dialógo com los Críticos. In: Teoría del Derecho y Transplantes Jurídicos. Daniel Bonilla Maldonado (Editor). Bogotá: Siglo del Hombre Editores, 2009.

MERRYMAN, John Henry, PÉRES-PERDOMO, Rogelio. A Tradição da Civil Law. Uma Introdução aos Sistemas Jurídicos da Europa e da América Latina. Tradução de Cássio Casagrande. Porto Alegre: Sérgio Antonio Fabris, 2009.

MOTTA, Luiz Eduardo; MOTA, Maurício. O Estado Democrático de Direito em Questão. Teorias críticas da judicialização da política. Rio de Janeiro: Elsevier, 2011.

POSCHER, Ralf. A mão de Midas: quando conceitos se tornam jurídicos ou esvaziam o debate Hart-Dworkin. Tradução de Rafael Giorgio Dalla Barba. In: Revista de Estudos Constitucionais, Hermenêutica e Teoria do Direito (RECHTD) 10(1): 2-13, janeiro-abril 2018.

RAMOS, Elival da Silva. Ativismo Judicial. Parâmetros Dogmáticos. São Paulo: Saraiva, 2010.

SOUZA NETO, Cláudio Pereira, SARMENTO, Daniel. Controle de Constitucionalidade e Democracia: Algumas Teorias e Parâmetros de Ativismo. In: SARMENTO, Daniel (Org.). Jurisdição Constitucional e Política. Rio de Janeiro: Grupo Gen, 2015.

STRECK, Lenio Luiz. Verdade e Consenso. Constituição, Hermenêutica e Teorias Discursivas. 6. Ed. São Paulo: Saraiva, 2017a.

__________________. Dicionário de Hermenêutica: quarenta temas fundamentais da Teoria do Direito à luz da Crítica Hermenêutica do Direito. Belo Horizonte: Letramento, 2017b.

SUSTEIN, Cass. Foreward: Leaving Things Undecided. Harvard Law Review, Vol. 110:4, 1996.

_____________. Decisões políticas teorizadas de modo incompleto no direito constitucional. Tradução de Letícia Borges Thomas. In: TEIXEIRA, Anderson Vichinkeski Teixeira; SOMENSI, Elton. Correntes Contemporâneas do Pensamento Jurídico. São Paulo: Manole, 2010.

SWEET, Alec Stone. Governing with judges. Constitutional Politics in Europe. New York: Oxford University Press, 2004.

TATE, Neal C.; VALLINDER, Torbjörn. The Global Expansion of Judicial Power. New York: New York University Press, 1995.

TASSINARI, Clarissa. Jurisdição e Ativismo Judicial: limite da atuação do Judiciário. Porto Alegre: Do Advogado, 2013.

TEIXEIRA, Anderson Vichinkeski. Ativismo judicial: nos limites entre racionalidade jurídica e decisão política. Revista Direito GV, Volume 15. São Paulo, JAN-JUN 2012, p. 37-58.

TORRANO, Bruno. Democracia e Respeito à Lei. Entre Positivismo Jurídico, Pós-Positivismo e Pragmatismo. 2. Ed. Belo Horizonte: Fórum, 2019.

TUSHNET, Mark. Taking the Constitution Away from the Courts. Princeton: Princeton University Press. 1999.

VALLE, Vanice Regina Lírio (Org.). Ativismo Jurisdicional e o Supremo Tribunal Federal. Laboratório de Análise Jurisprudencial do STF. Curitiba: Juruá, 2012.

VERÍSSIMO, Marcos Paulo. Controle de Constitucionalidade e Ativismo Judicial. In: WANG, Daniel Wei Liang (Org.). Constituição e política na democracia. Aproximações entre direito e ciência política. São Paulo: Marcial Pons, 2013.

VERONESE, Alexandre. A judicialização da política na América latina: panorama do debate teórico contemporâneo. Escritos, Revista da Fundação Casa de Rui Barbosa, Ano 3, n. 3, 2019.

YOUNG, Ernest A. Judicial Activism and Conservative Politics. Colorado Law Review, Volume 73, número 4, 2002, p. 1.139-1.216.

WERNECK VIANNA, Luiz et al. A judicialização da política e das relações sociais no Brasil. Rio de Janeiro: Revan, 1999.




DOI: http://dx.doi.org/10.26668/IndexLawJournals/2525-9644/2021.v7i2.8317

Apontamentos

  • Não há apontamentos.


Licença Creative Commons
Este obra está licenciado com uma Licença Creative Commons Atribuição-NãoComercial 4.0 Internacional.