A PARTICIPAÇÃO DAS ONG’S NOS ACORDOS MULTILATERAIS AMBIENTAIS: UMA ANÁLISE DA CONVENÇÃO SOBRE O COMÉRCIO INTERNACIONAL DE ESPÉCIES DA FLORA E DA FAUNA SELVAGENS AMEAÇADAS DE EXTINÇÃO (CITES)

Conteúdo do artigo principal

Lívia Gaigher Bósio Campello

Resumo

Diante da necessidade de democratização da elaboração e implementação das políticas internacionais ambientais, nomeadamente em função da ampla compreensão do meio ambiente como interesse da sociedade mundial e objeto de cooperação, paradigmas que se tornaram mais fortes com a aceleração do processo de globalização, as organizações não governamentais (ONG’s) se afirmaram como atores legítimos cada vez mais influentes nesse processo ao longo das duas últimas décadas do século XX. As regras e práticas consagradas em várias instituições internacionais modernas demonstram consideráveis oportunidades e direitos de participação, tal como este estudo revela à luz do regime estabelecido pela Convenção sobre o Comércio Internacional de Espécies da Flora e da Fauna Selvagens Ameaçadas de Extinção (CITES). Contudo, alguns obstáculos à participação podem ser ainda postos à reflexão para futuros desenvolvimentos, por exemplo, a necessidade de maior abertura à participação em órgãos de decisão, a real função da análise prévia de documentos encaminhados pelas ONG’s nas reuniões oficiais, a necessidade de distinção entre ONG’s nacionais e internacionais, a exigência de instrumentos de equidade na contratação de serviços para as instituições internacionais e, finalmente, a falta de mecanismos de financiamento para representação dos países em desenvolvimento. Com efeito, anomalias de fato existem e requerem soluções. Todavia, devido às tendências introduzidas pela CITES, em especial pela codificação de novas regras de participação com base no forte consenso histórico de que as ONG’s são importantes parceiras nas formulação e implementação dos regimes internacionais ambientais, a expectativa é alta em favor de novas evoluções e paradigmas para a participação nos regimes multilaterais ambientais.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Detalhes do artigo

Como Citar
CAMPELLO, Lívia Gaigher Bósio. A PARTICIPAÇÃO DAS ONG’S NOS ACORDOS MULTILATERAIS AMBIENTAIS: UMA ANÁLISE DA CONVENÇÃO SOBRE O COMÉRCIO INTERNACIONAL DE ESPÉCIES DA FLORA E DA FAUNA SELVAGENS AMEAÇADAS DE EXTINÇÃO (CITES). Revista de Direito Brasileira, Florianopolis, Brasil, v. 14, n. 6, p. 89–108, 2016. DOI: 10.26668/IndexLawJournals/2358-1352/2016.v14i6.3027. Disponível em: https://indexlaw.org/index.php/rdb/article/view/3027. Acesso em: 19 nov. 2024.
Seção
JUSTIÇA CONSTITUCIONAL
Biografia do Autor

Lívia Gaigher Bósio Campello, Universidade Federal de Mato Grosso do Sul - UFMS

Pós-Doutora em Direito do Estado pela Universidade de São Paulo - USP. Professora Adjunta da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS). Professora permanente do Programa de Mestrado em Direitos Humanos da UFMS. Editora-chefe da Revista Direito UFMS. Coordenadora do Projeto de Pesquisa Cooperação Internacional e Meio Ambiente MS/FUNDECT. Vice-presidente da Comissão de Pesquisa e Pós-Graduação da OAB/SP.

Referências

ANNAN, Kofi. The Quiet Revolution. In: Global Governance. N. 4, 1998.

BERNSTEIN S. Legitimacy in Global Environmental Governance. In: Journal of International Law and International Relations 1, 2005.

BODANSKY, Daniel. The Legitimacy of International Governance: A Coming Challenge for International Environmental Law? In: The American Journal of International Law. Vol. 93, N. 3, 1999.

BOMBAY, Peter. The Role of NGOs in Shaping Community Positions in International Environmental Fora. In: Review of European Community and International Environmental Law. Vol. 10, N. 2, 2001.

CHARNOWITZ, S. Two centuries of participation: NGOs and international governance. In: Michigan Journal of International Law, N. 18, 1997.

COHEN, Jean L. Sociedade Civil e Globalização: repensando categorias. In: DADOS – Revista de Ciências Sociais. Vol. 46, N. 3, 2003.

CONCA, K. Greening the UN: Environmental Organizations and the UN System. In: WEISS, T. G.; GORDENKER, L. NGOs, the UN, and Global Governance. Colorado: Lynne Rienner, 1996.

EDWARDS, Michael. NGO rights and responsibilities: A new deal for global governance. London: The Foreign Policy Centre, 2000.

GEMMILL, B.; BAMIDELE-IZU, A. The Role of NGOs and Civil Society in Global Environmental Governance. In: ESTY, D. C.; IVANOVA, M. H. Global Environmental Governance – Options and Opportunities. Connecticut: Yale School of Forestry & Environmental Studies, 2002.

HULME, D.; EDWARDS, M. NGOs, states and donors: too close for comfort. New York: St. Martin's Press, 1997.

O’BRIEN, Robert, et alli. Contesting Global Governance. Multilateral Economic Institutions and Global Social Movements. Cambridge: Cambridge University Press, 2000.

ORTIZ, Renato. Mundialização e Cultura. São Paulo: Brasiliense, 1994.

RAUSTIALA, Kal. The Participatory Revolution in International Environmental Law. In: Harvard Environmental Law Review, Vol. 21, 1997.

WIJNSTEKERS, W. The Evolution of CITES. 9. ed. Budapest: International Council for Game and Wildlife Conservation (CIC), 2011.

Artigos mais lidos pelo mesmo(s) autor(es)