Juristocracia no Brasil a Perspectiva de Ran Hirschl Sobre o Empoderamento Judicial

Contenido principal del artículo

Claudia Maria Barbosa
Gabriele Polewka

Resumen

Dentro da visão clássica de separação de poderes, o Judiciário, originalmente, ocupava a posição mais fraca. O que se observa hoje, contudo, é um deslocamento de poder das instituições representativas para as judiciais, erigindo um novo tipo de regime político chamado de juristocracia pelo cientista político canadense Ran Hirschl. Este paper se propõe a discutir esse deslocamento de forças com base na ideia de preservação hegemônica, apresentada por Hirschl na sua obra Towards Juristocracy, cuja hipótese central é que as elites políticas, econômicas e sociais transferem poder ao Judiciário, de forma voluntária, quando ameaçadas de perder a hegemonia na esfera política. No Brasil, a Constituição de 1988 transformou o Supremo Tribunal Federal numa das Cortes mais poderosas do mundo em  termos  institucionais,  que  funciona,  ao  mesmo  tempo,  como  Corte  constitucional, revisional e penal e a quem cabe decidir as questões mais fundamentais para a sociedade. Apresentaremos, primeiramente, os exemplos utilizados por Hirschl para ilustrar a sua tese acerca  do  empoderamento  judicial  através  da  constitucionalização,  analisando  as transformações políticas e econômicas ocorridas na história recente de Israel, Canadá, Nova Zelândia e África do Sul, fazendo, na sequência, uma análise do fenômeno no Brasil. Encerramos concluindo que não e possível determinar, em princípio, a ocorrência da hipótese de preservação hegemônica no Brasil, mas que a análise de Hirschl, ao oferecer uma resposta que desafia a visão tradicional sobre a judicialização da política, contribui para a discussão e análise do fenômeno no Brasil.

Descargas

Los datos de descargas todavía no están disponibles.

Detalles del artículo

Cómo citar
BARBOSA, Claudia Maria; POLEWKA, Gabriele. Juristocracia no Brasil a Perspectiva de Ran Hirschl Sobre o Empoderamento Judicial. Revista de Política Judiciária, Gestão e Administração da Justiça, Florianopolis, Brasil, v. 1, n. 1, p. 309–334, 2015. DOI: 10.26668/IndexLawJournals/2525-9822/2015.v1i1.257. Disponível em: https://indexlaw.org/index.php/revistapoliticiajudiciaria/article/view/257. Acesso em: 19 dic. 2024.
Sección
Artigos
Biografía del autor/a

Claudia Maria Barbosa, Pontifícia Universidade Católica do Paraná - PUC/PR, Paraná

Pós-Doutorada pela York University, Toronto, Canadá. Professora associada pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná - PUC/PR, Paraná, Brasil

Gabriele Polewka, Pontifícia Universidade Católica do Paraná - PUC/PR, Paraná

Mestrada em Direito Socioambiental e Sustentabilidade pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná - PUC/PR, Paraná, Brasil. Advogada nas seguintes áreas: Cível, Previdenciário, Consumidor e das Famílias.

Citas

BARBOSA, Claudia Maria. A legitimidade do exercício da função jurisdição constitucional no contexto da judicialização da política. In: BARRETO, Vicente de Paulo; DUARTE, Francisco Carlos; SCHWARTZ, Germano (Org.). Direito da sociedade policontextual. Curitiba: Appris, 2013. p.171-194.

BARBOSA, Claudia Maria; LOIS, Cecília Caballero. Juristocracy in Brazil. Trabalho apresentado no XXVII World Congress of the International Association for the Philosophy of Law and Social Philosophy (IVR), Washington, 27/07-01/08/2015. [não publicado].

COSTA, Alexandre; BENVINDO, Juliano Zaiden. A quem interessa o controle concentrado de constitucionalidade? O descompasso entre teoria e prática na defesa dos direitos fundamentais (Who is Interested in the Centralized System of Judicial Review? - The Mismatch between Theory and Practice in the Protection of Basic Rights). Social Science Research Network, April 2014). Disponível em: <http://ssrn.com/abstract=2509541>. Acesso em: 12 ago. 2015

HAMILTON, Alexander; MADISON, James; JAY, John. O federalista. Tradução de Hiltomar Martins de Oliveira. Belo Horizonte: Líder, 2003.

HIRSCHL, Ran. Towards juristocracy: The origins and consequences of the new constitutionalism. First Harvard University Press, 2004.

. The Judicialization of Mega-Politics and the Rise of Political Courts Annual Review of Political Science, v.11, p.93-118, 2008.

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (IBGE). Síntese de indicadores sociais: uma análise das condições de vida da população brasileira 2013. Rio de Janeiro, 2013. Disponível em:

<http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/condicaodevida/indicadoresminimos/sint eseindicsociais2013/>. Acesso em 10 ago. 2015.

MENDES, Conrado Hübner. Controle de constitucionalidade e democracia. Rio de Janeiro: Elsevier, 2008.

OLIVEIRA, Umberto Machado de; ANJOS, Leonardo Fernandes dos (Coords.). Ativismo judicial. Curitiba: Juruá, 2010.

UNTERBERGER, Fabian. "Juristocracy" als Herausforderung an Soziale Bewegungen im 21. Jahrhundert: Vom Erbe Pinochets zur asamblea constituyente? Momentum Quarterly, v.1, n.4, p.248-261, 2012. Disponível em: <http://www.momentum- quarterly.org/index.php/momentum/article/view/41/34>. Acesso em: 08 ago 2015.

VIANNA, Luiz Werneck et al. A judicialização da política e das relações sociais no Brasil. Rio de Janeiro: Revan, 1999.