A JUSTIÇA RESTAURATIVA NO PROCESSO PENAL BRASILEIRO: A PRÁTICA RESTAURATIVA DA MEDIAÇÃO VÍTIMA-OFENSOR COMO FORMA DE RESOLUÇÃO DE CONFLITOS CRIMINAIS

Cláudio Daniel de Souza, Luan Christ Rodrigues, Sérgio Urquhart de Cademartori

Resumo


  

Objetivo: o presente trabalho tem o intuito de analisar a aplicabilidade da prática restaurativa da mediação vítima-ofensor como forma de resolução se conflitos criminais. Metodologia: trata-se de pesquisa analítico-descritiva, com vertente conceitual e exploratória, que se mune do método de abordagem hipotético-dedutivo para realizar revisão conceitual acerca dos conceitos atinentes à justiça restaurativa dentro de um suporte teórico abolicionista, relacionando-a com os fundamentos da prática restaurativa da mediação vítima-ofensor legitimada sob a ótica da terceira onda de acesso à justiça. Resultados: é possível considerar, sobretudo a partir de experiências constatadas no Brasil, em Portugal e na Argentina, a utilização da mediação em casos criminais, gerando reflexos no próprio processo penal de cada localidade. Conclusão: é importante refletir sobre a forma pela qual a mediação pode ser utilizada para a solução dos conflitos criminais no Brasil, por meio da incorporação de valores e princípios da justiça restaurativa.

    

Palavras-chave


justiça restaurativa; mediação penal; sistema penal; processo penal; criminologia crítica; abolicionismo

Texto completo:

PDF

Referências


ACHUTTI, Daniel. Justiça restaurativa e abolicionismo penal: contribuições para um novo modelo de administração de conflitos no Brasil. 2 ed. São Paulo: Saraiva, 2016.

ANDRADE, Vera Regina Pereira de. A ilusão de segurança jurídica: o controle da violência à violência do controle penal. 3 ed. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2015.

ANDRADE, Vera Regina Pereira de. Pelas mãos da criminologia: o controle penal para além da (des)ilusão. Rio de Janeiro: Revan, 2012.

ANDRADE, Vera Regina Pereira de. Minimalismos, abolucionismos e eficienticismo: a crise do sistema penal entre a deslegitimação e a expansão. Revista Sequência, Florianópolis, n.52, v. 27, 2006, p. 163-182.

ARGENTINA. Ministério de justicia y Derechos Humanos. Información Legislativa y Documental. Código Procesal Penal, Ley 2.303 de 27 de marzo de 2007. Disponível em:< http://www.infoleg.gob.ar/?page_id=74>. Acesso em: 03 jul. 2023.

ARGENTINA. Ministério de justicia y Derechos Humanos. Información Legislativa y Documental. Código Penal, Ley 11.179, de 30 sep. 1911. Disponível em:< http://www.infoleg.gob.ar/?page_id=74>. Acesso em: 03 jul. 2023.

ANITUA, Gabriel Ignacio. História dos pensamentos criminológicos. Trad. Sérgio Lamarão. Rio de Janeiro: Revan: Instituto Carioca de Criminologia, 2008.

BLAD, John. Institutionalizing restorative justice? Tranforming criminal justice? A critical view on the Netherlands. In: AERTSEN, Ivo; DAEMS, Tom; ROBERT, Luc. Institutionalizing restorative justice. USA e Canada: Willian Publishing, 2006. p. 93 a 119.

BRASIL. Conselho Nacional de Justiça. Resolução n. 225 de 31/05/2016. Disponível em:< https://atos.cnj.jus.br/atos/detalhar/2289>. Acesso em: 26 jun. 2023.

BRASIL. Conselho Nacional de Justiça. Biblioteca digital do CNJ Ministro Aldir Passarinho. Pilotando a justiça restaurativa: o papel do Poder Judiciário. Brasília, 2018. Disponível em: . Acesso em: 05 de jul. 2023.

CAPPELLETTI, Mauro; GARTH, Bryant. Acesso à justiça. Trad. Ellen Gracie Northfleet. Porto Alegre: Fabris, 1988.

CARVALHO, Salo de. Sobre as possibilidades de um modelo crítico de justiça restaurativa. Revista Sistema Penal e Violência, v. 6, n. 1, 2014. Disponível em: < www.researchgate.net/publication/354010075_Justica_Restaurativa_em_Risco_a_critica_criminologica_ao_modelo_judicial_brasileiro.> Acesso em: 23 jun. 2023.

CARVALHO, Salo de. Curso de criminologia crítica brasileira: dimensões epistemológicas, metodológicas e políticas. 1 ed. Rio de Janeiro: Revan, 2022.

CARVALHO, Salo de. Antimanual de criminologia. 6 ed. São Paulo: Saraiva, 2015.

DEL VAL. Teresa. Mediación en materia penal. ¿Qué es, cómo se hace y para qué sirve? - ¿La mediación previene el delito? – Mediciaón com mediadores policiales – Casos prácticos – Nuevo Código Procesal Penal – Ley. 27.063. 3 ed. Ciudad Autônoma de Buenos Aires: Cathedra Jurídica, 2015.

CORREA, João Conde. O papel do Ministério Público no regime legal da mediação penal. In: Revista do Ministério Público, Lisboa, ano 28, n. 112, p. 57-77, out/dez 2007. Disponível em: < https://rmp.smmp.pt/>. Acesso em: 05 jul. 2023.

DUFF, Antony. Restoration and retribution. In: HIRSCH, Andrew Von; ROBERTS, Julian V.; BOTTOMS, Anthony. Restorative justice & criminal justice: competing or reconcilable paradigms? Oregon: Hart Publishing, 2003.

EIRAS NORDENSTAHL, Ulf Christian. Mediación penal: de la práctica a la teoría. Buenos Aires: Librería Histórica, 2005.

FOUCAULT, Michel. Alternativas à prisão: Michel Foucault: um encontro Jean-Paul Brodeur. Trad. Maria Ferreira. Petrópolis, RJ: Vozes, 2022.

GARAPON, Antoine. O guardador de promessas: justiça e democracia. Trad. Francisco Aragão. Lisboa: Instituto Piaget, 1996.

GIAMBERARDINO, André Ribeiro. Crítica da pena e justiça restaurativa: a censura para além da punição. Florianópolis: Emporio do Direito Editora, 2015.

GUILHERME, Luiz Fernando do Vale de Almeida. Manual dos MECS: meios extrajudiciais de solução de conflitos. Barueri, SP: Manole, 2016.

HULSMAN, Louk. Alternativas à justiça criminal. In: PASSETI, Edson. Curso livre de abolicionismo penal. 2 ed. Rio de Janeiro: Revan. 2012. p. 35 a 68.

HULSMAN, Louk; CELIS, Jacqueline Bernat de. Penas perdidas. 3 ed. Belo Horizonte, São Paulo: D’Plácido, 2021.

JACCOUD, Mylène. Princípios, tendências e procedimentos que cercam a justiça restaurativa. In: SLAKMON, Catherine; DE VITTO, Renato Campos Pinto; PINTO, Renato Sócrates Gomes (Orgs.). Justiça restaurativa: coletânea de artigos. Brasília: Ministério da Justiça e Programa das Nações Unidas para o desenvolvimento – PNUD, 2005. Disponível em: < https://carceraria.org.br/wp-content/uploads/2014/07/Coletanea-de-Artigos-Livro-Justi%C3%A7a-Restaurativa.pdf>. Acesso em: 22 jun. 2023, p. 170.

MAZZEO, Patrícia C.; MARGETIC, Stella Maris I.; ERLICH, Carlos. La mediación penal como un programa de justicia restaurativa: compartiendo lo que hacemos y cómo miramos nuestra práctica en el Centro de Mediación y Métodos Alternativos de Abordaje y Solución de Conflictos del Poder Judicial de la Ciudad Autónoma de Buenos Aires. In: FÁBREGAS, Daniel (org.). El processo de mediación en el Poder Judicial de la Ciudad Autónoma de Buenos Aires: miradas desde el Centro de Mediación del Consejo de la Magistratura de la CABA. Ciudad Autóma de Buenos Aires: Jusbaires, 2015, p. 68.

MILLER, Susan L. After the crime: the power restorative justice dialogues between victims and violent offenders. New York: New York University Press, 2010.

MORGADO, Helena Zani. Direito penal restaurativo: em busca de um modelo adequado de justiça criminal. Rio de Janeiro: Revan, 2018.

PALLAMOLLA, Raffaella da Porciuncula. Justiça restaurativa: da teoria à prática. São Paulo: IBCCRIM, 2009.

PASSETI, Edson. Louk Hulsman e o abolicionismo libertário. In: BATISTA, Nilo; KOSOVSKI (org.). Tributo a Louk Hulsman. Rio de Janeiro: Revan, 2012, p. 67 a 79.

PORTUGAL. Direção-Geral da Política de Justiça. Estatísticas da justiça. Disponível em:< https://estatisticas.justica.gov.pt/sites/siej//pt-pt/Paginas/Mediacao.aspx>. Acesso em: 05 jul. 2023.

PRATES, Moysés Lopes; DEFFENTE, Sabrina. Mediação de conflitos: o papel da Polícia Civil em tempos de modernidade líquida. In.: ALBERTON, Genacéia da Silva (org.). Mediação em perspectiva. Porto Alegre: Editora Mikelis, 2018.

SOUZA, Cláudio Daniel de. Justiça restaurativa e sistema penal: a experiência da Cidade Autônoma de Buenos Aires, críticas e perspectivas para o Brasil. Londrina: Editora Thoth, 2021.

SOUZA, Cláudio Daniel de. A mediação penal em Portugal: análise da Lei n. 21/2007, de 12 de junho. In: Sociology of Law 2016 - Movimentos Contra-hegemônicos e Direitos Humanos em uma socidade Global, 2016, Canoas. Anais Congresso do Mestrado em Direito e Sociedade do Unilasalle. Canoas: Unilasalle, 2016. v. 2. p. 281-291.

WARAT, Luis Alberto (Org). Em nome do acordo: a mediação no direito. Florianópolis: ALMED, 1998.

ZAFFARONI, Eugenio Raúl; et al. Direito Penal brasileiro I. Rio de Janeiro: Revan, 2006.

ZAFFARONI, Eugenio Raúl. Em busca das penas perdidas: a perda de legitimidade do sistema penal. 5. ed. Trad. Vania Romano Pedrosa, Amir Lopez da Conceição. Rio de Janeiro: Revan, 1991.

ZEHR, Howard. Trocando as lentes: um novo foco sobre o crime e a justiça. São Paulo: Palas Athena, 2008.




DOI: http://dx.doi.org/10.26668/IndexLawJournals/2525-9679/2023.v9i1.9742

Apontamentos

  • Não há apontamentos.


Licença Creative Commons
Este obra está licenciado com uma Licença Creative Commons Atribuição-NãoComercial 4.0 Internacional.